No confronto de Perseu e Medusa é o ponto principal do mito, sendo importante comentar o sentido arquetípico desta parte. Segundo Vernant Medusa, Ártemis e Dioniso são poderes ritualisticamente configurados como mascarados. Neste sentido a máscara, com sua característica, separa a identidade da alteridade. Segundo Vernant este conceito da alteridade é representado na Medusa não como um outro homem, mas o outro do homem, isto é, a morte em vida simbolizando um estado psicótico. Com isto Medusa representa um estado caótico do inconsciente, com inversão e deformidade que desafiam qualquer lógica racional. Isto acontece porque ao decapitar a cabeça “máscara” da Medusa surgem dela o gigante Crisaor e o cavalo Pégasos.
Do ponto de vista psicológico o tema da petrificação está relacionado com estados psicóticos. A paralisação nos traz em mente uma extrema regressão de pacientes em estupor catatônicos, que é a forma mais grave da esquizofrenia.
Quando Perseu decapita Medusa, ele destrói a imagem de sua mãe negativa. Medusa simboliza a mãe que paralisa o filho não possibilitando que ele se desenvolva. Enquanto que Dânae simboliza a mãe positiva que é pura. Com isto um dos aspectos do herói representa a necessidade de se afastar do seu herói. Isto só será possível quando Perseu vence a Medusa, decapitando assim a sua imagem de mãe negativa.
[...]
No mito Perseu traz a cabeça de Medusa para Polidectes. Esta parte do mito
representa a conscientização de conteúdos que estão no inconsciente. Desta forma
Perseu consegue integração de conteúdos inconsciente.
Para Campbell, a grande façanha do herói supremo é alcançar o conhecimento dessa
unidade na multiplicidade e, em seguida, torna-la conhecida. Esta façanha Perseu
conseguiu ao decapitar a cabeça da Medusa , que estava no inconsciente e trouxe
ela para a consciência.
Para concluir é importante ressaltar que o mito de Perseu representa a
fortificação egoica e a indiferenciação do arquétipo da grande mãe e aspectos
infantis. Com isto o herói nos traz uma integração de conteúdos inconscientes,
nos possibilitando ser mais independente da figura materna.
(O Mito de Perseu por Alexandre Quinta Nova Teixeira)
domingo, 24 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
A Energia Sutil do Utero
A mulher que, durante muitos anos, e mesmo encarnações
inteiras, ela foi condicionada a repudiar a menstruação e o útero, não é fácil
aceitar esses temas que estamos desenvolvendo nestas palestras. Seria preciso
andar passo a passo nesses ensinamentos para ir lentamente rompendo inúmeros
tabus, oriundos do que lhe foi imposto há milênio. O poder energético do
útero pode ser muito ampliado e a energia sutil ampliada e utilizada mediante rituais.
Quando mais forte for o útero mais saúde genital se fará sentir, e a qualidade
da energia que permite riqueza de intuição. Certos rituais favorecem a saúde
uterina.
Os povos antigos usavam cavernas para
certas atividades místicas pela grande quantidade de poder nelas contido. Uma
caverna concentra muita energia, por ser algo como um bolsão de energia na
superfície da Terra. As correntes de energia telúricas tendem a confluir para
as cavernas e ali ficar açulada. Pela mesma razão o útero tem sido considerado,
além das funções clássicas conhecidas, atua como um condensador e repositório
de energia. Isso é importante porque é onde o processo de vitalização da
matéria orgânica se estabelece para dar vida orgânica a um ser. Não é pouca a
quantidade de energia sutil que se faz preciso para que o processo de vitalização
de processe adequadamente.
Por conter um grande manancial de
energia sutil é que no útero reside o grande poder feminino, até mesmo porque a
seguir o coração é o órgão por onde mais ocorre fluxo de sangue, e o sangue é,
como se sabe o mais eficiente fluido condutor de energia no organismo. Foi
indagado por um entrevistador às discípulas de Dom Juan, Carol Tiggs, Taisha
Abelar e Florinda Donner-Grau sobre a diferença entre feiticeiros homens e
mulheres na linhagem do velho nagual. Elas responderam: “É a coisa mais simples
do mundo. Como todas as mulheres do mundo, temos um útero. Temos órgãos
diferentes dos existentes nos homens; o útero e os ovários, os quais, segundo
os feiticeiros, facilitam a entrada em áreas exóticas da consciência. Os
feiticeiros dizem que há uma força colossal no universo; uma força constante,
perene, que oscila, mas não muda à qual chamam de consciência ou o mar escuro
da consciência e asseguram que todos os seres vivos estão ligados a ela. Eles
chamam esse ponto de ligação de ponto de aglutinação, e sustentam que, devido à
presença do útero em seu corpo, as mulheres têm facilidade em deslocar o ponto
de aglutinação para uma nova posição”.
Princípio Feminino:
A Grande Mãe representa a Energia
Universal Geradora, o útero de Toda Criação. é associada aos mistérios da Lua,
da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. é o inconsciente, o
lado escuro da mente que deve ser desvendado. A Lua nos mostra sempre uma face
nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida
Eterna. Na Wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem, a Mãe e a Velha
Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada à Bruxa na imaginação
popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia
feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte Feminina
presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal.
É importante o estabelecimento de um
elo entre a energia feminina e a da Mãe Natureza, para isso há vários meios,
sendo os mais eficazes, os rituais. Um ritual funciona como uma forma de
condicionamento mental e assim possibilitar um meio de disponibilização
energética bem eficiente, ou seja, da energia que existe acumulada no útero
interagir com a energia telúrica, e vice-versa, além de poder ser direcionada
para diversos fins. A mulher pode receber energia assim como direciona-la
mediante rituais feitos relacionados com a Terra e a Lua. No universo tudo está
interligado, as ligações podem ser mais ou ser menos eficientes, segundo
diversas situações. Assim, a natureza feminina encontra paralelo na própria
Terra e na Lua. Mulher, Terra e Lua compõem um triângulo energético muito
forte. Os rituais podem intensificar essa ligação condicionando a mente a
direcionar a energia contida no útero.
Nas Tradições clássicas ele foi
simbolicamente representado por um cálice, por uma taça, um cálice. Cálice e
vinho constam de muitas tradições iniciáticas, e isso têm a ver com o útero e
com o sangue. “Este é o meu corpo e o meu sangue”...
Para a mulher se tornar uma bruxa – Fada – ela tem que
destruir muitos preconceitos a respeito da menstruação, da função uterina, da
sensação de que o sangue menstrual é algo sujo, nojento e asqueroso. Ela tem
que eliminar esse modo de pensar e recuperar a sacralidade do útero e do fluxo
menstrual. Um modo da mulher se familiarizar com o poder da feminilidade reside
no contacto com seu útero e fluxo menstrual. Ela deve sentir amor pelo seu
útero, considera-lo o objeto de imenso significado por ser nele que ela abriga
os primeiros momentos de vida dos filhos. É uma autêntica ingratidão para com o
seu órgão reprodutor, para aquele que serviu de matriz para acasalar os seus
filhos nos primeiro momento de vida; aquilo que possibilitou o que de mais sagrado
há para a mulher, o filho. É lastimável que quando o útero per a finalidade de
gestar, ou mesmo antes disso, pela simples insinuação da medicina, muitas vezes
movida por interesses pecuniários, a mulher aceite uma simples recomendação de
extrair o útero. Ela por vaidade, inconveniência ou medo logo concorda com a
histerectomia sem se dar conta de que está eliminando algo nobre, e que merece
carinho especial.
Muitos dirão, e nas indicações por tumores malignos, por
sangramentos, por miomas, etc. Nesse caso a indicação pode ser valida, na
verdade se trata de um órgão já desfigurado, doente. Mas vale salientar que foi
o descuido da mulher que provocou a doença, a desarmonia dela com a natureza.
Não é comum uma mulher nativa ter hemorragias, ter tumores uterinos e outros
problemas. Não tem cólica menstrual e coisas assim. Isso é um “privilegio” da
mulher integrante da civilização, em especial da atual. O que é pior é que a
mente da mulher desde jovem vem trabalhando com a possibilidade de distúrbios,
doenças, e não o inverso. Assim como a mente gera o estado de saúde ela gera
também o de doença. Na quase totalidade, as doenças nessa área são criadas pela
mulher.
Tudo isso pode ser evitado mediante certas Práticas,
entre elas alguns rituais.
Estamos
falando de bruxa como a mulher de conhecimento, que sabe manipular as focas da
feminilidade a par da força da Mãe Terra, e não daquela retratada pelas Igrejas
oficiais como uma velha corcunda, com pele enrugada, com verruga no nariz e
cheia de maldade. O sentido que usamos a palavra vai mais pelo lado da Fada
boa.
(José Laércio do Egito)
Assinar:
Postagens (Atom)