terça-feira, 6 de novembro de 2012

Estudante de 15 anos baleada na cabeça por talibãs volta a andar, falar e ler

Baleada na cabeça por talibãs, Malala Yousufzai volta a andar, falar e ler

Estudante de 15 anos era conhecida no Paquistão por defender o apoio ao ensino feminino

DUBAI - Depois de uma reunião com integrantes do governo do Reino Unido e o pai da estudante paquistanesa Malala Yousufzai neste domingo, Jamil Ahmed Khan, embaixador do país nos Emirados Árabes Unidos, informou que a jovem de 15 anos alvo de um atentado cometido por talibãs em outubro deste ano está se recuperando bem. Segundo o diplomata, a menina já voltou a andar, falar e ler.

Malala, que era considerada uma ameaça pelo grupo fundamentalista por defender a educação das mulheres, foi alvo de um atentado quando saía de sua escola, no Vale do Swat, região Norte do Paquistão. A menina levou dois tiros, um no pescoço e outro na cabeça, e precisou ser operada para a retirada de uma bala alojada em seu crânio.

A jovem foi levada para o Reino Unido, onde foi submetida a cirurgias para a retirada das balas, e ficou internada no hospital Queen Elizabeth, na cidade de Birmingham, para onde soldados britânicos feridos em conflito costumam ser levados. Malala, que ainda está em tratamento, já apresenta um “progresso satisfatório” na opinião dos médicos. A autoria do ataque foi confirmada pelo Talibã. 

Blog sob pseudônimo

Malala ganhou notoriedade há três anos, quando começou a escrever um blog para a BBC sob o pseudônimo de Gul Makai. Na página ela relatava o cotidiano de uma estudante paquistanesa em meio à repressão do Talibã, que ordenara o fechamento das escolas para meninas no Vale do Swat. Depois de ter sua identidade revelada, a menina foi alvo do fanatismo religioso do Talibã.

“Ela era uma ativista pró-Ocidente, chamava Obama de líder ideal. É o símbolo dos infiéis e da obscenidade”, disse na época do atentado Ehsanullah Ehsan, porta-voz do Talibã, garantindo que o grupo voltaria a atacar a menina se ela sobreviver.
Além de Malala, outras duas alunas foram atingidas pelos disparos, mas não correram risco de vida.

Além de Malala, outras duas alunas foram atingidas pelos disparos, mas não correram risco de vida.
— Estávamos sendo ameaçados. Mandaram cartas à nossa casa dizendo que ela deveria parar com o que fazia, senão a história não acabaria bem — contou o pai de Malala, na época, quando afirmou ainda ter recusado a segurança oferecida pelas autoridades.

De acordo com a jovem blogueira, o número de estudantes do sexo feminino em sua própria escola diminuiu por conta da decisão anunciada pelo Talibã.

“Só 11 alunas de 27 vieram à aula. O número caiu devido à decisão do Talibã. Por causa disso, três amigas se mudaram com a família”, escreveu Malala no blog em janeiro de 2009.

O atentado contra a menina provocou protestos ao redor do mundo, incluindo críticas da ONU e de potências ocidentais, assim como uma mobilização popular dentro do próprio Paquistão, ultrapassando as barreiras étnicas, religiosas e políticas do país. Malala foi indicada a premiações internacionais e recebeu o Prêmio Nacional da Paz, concedido pelo governo paquistanês, no ano passado.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/baleada-na-cabeca-por-talibas-malala-yousufzai-volta-andar-falar-ler-6631135#ixzz2BS1NQS3z