terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Enforcado: momento que antecede a "morte"


O Enforcado
The Lone Man (O Homem Só) no Old Path Tarot

O nome “Enforcado” traz a ideia de que este homem pode estar à beira da morte, prestes a sufocar e morrer. Bem, se pensarmos que o próximo arcano é a Morte, de certa forma esta é iminente, mas não do jeito que costumamos imaginar em um primeiro contato com a carta. 

Quando olhamos calmamente para o Enforcado, notamos seu rosto tranquilo. Ele está em paz e quando chegamos mais perto, parece até que está meditando. Olhando atentamente, notamos que nem amarrado ele está. Ou seja, está ali porque quer ou, mesmo que ali tenha sido colocado contra sua vontade, continua apenas pelo tempo que quiser.

Uma experiência interessante para analisar melhor esta carta: seguir o primeiro impulso, e virar este Enforcado ao contrário, com a cabeça para cima e os pés para baixo. No lugar de um homem dependurado, enforcado, esperando a morte, veremos um homem meditando, tranquilo, refletindo em paz. Voltemos a virá-lo como estava e, agora sim, podemos analisar este Enforcado.

Neste ponto da jornada, temos que fazer uma pausa e olhar o mundo de outra forma. Não temos como enxergar com clareza sem olhar por outra perspectiva. Por isso, ele está de ponta cabeça. Ele precisa olhar de outra maneira. Sem isso, não é possível encontrar qualquer solução.

Esse é um dos sentidos desta carta: é preciso olhar a vida de outra maneira se queremos encontrar a resposta. É preciso fazer esse exercício de reflexão sob outro aspecto, de outra perspectiva, de outro lugar.

Como o próximo arcano será o treze, a Morte, estamos às vésperas de uma grande mudança. Algo grandioso está para acontecer e, depois disso, nada será como antes. A carta da Morte traz uma transformação radical, profunda. Algo em nós ou em nossa vida vai morrer. Então, durante o Enforcado, temos que nos preparar para isso.

Os processos de morte, incluindo mudanças e grandes transformações, sempre trazem alguma dor. Trazem a necessidade de reflexão, de preparo. Temos que saber o que estamos abandonando e o que, depois que a Morte acontecer, poderá (re)nascer. Somos como a lagarta, que está para se tornar uma borboleta...

texto por Titi Vidal

TEXTO COMPLETO: http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_12_Titi_Esperar.asp




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Irmandade Feminina

"Quando, no fim dos anos 60, explodiu o rugido da ira feminina suprimida, rejeitada e negligenciada, as mulheres começaram a exprimir um pouco de sua raiva pessoal e de sua fúria divina, e começou a brotar, de uma cornucópia de auto-expressão feminina, arte, literatura, teatro e filosofia. As mulheres começaram a ler outras mulheres, a ouvir outras mulheres, a ver outras mulheres, a amar, a apreciar, a valorizar, a alimentar outras mulheres, a se preocupar com outras mulheres. A irmandade se reuniu. Como escreveu Monique Wittig em Les Guerillières:

Houve um tempo em que você não foi escrava, lembre-se disso. Você andava sozinha, repleta de alegria, tomava banho com a barriga de fora. Você diz que perdeu completamente a lembrança disso, lembre-se... diz que não há palavras para descrever isso, que isso não existe. Mas lembre-se. Faça um esforço para se lembrar. Se não conseguir, invente."

(Barbara Black Koltuv, "A tecelã - Ensaios sobre a Psicologia Feminina Extraídos dos Diários de uma Analista Junguiana". 1990)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Reinventando a Fogueira para novas bruxas

"E por fim, não permitam que o machismo se muna de mais uma arma para opressão da mulher, o bullying e o cyber-bullying nada mais são que apedrejamento em praça publica nada mais que uma nova versão de fogueira para as bruxas, só que hoje as bruxas são mulheres que não cabem no rótulo social de “mulher de bem” escrava e empregada do “homem de bem” e que neste caso os apedrejadores e inquisidores, confortavelmente, covardemente e convenientemente, escondem suas caras atrás da tela do computador."

sábado, 12 de outubro de 2013

Democracia e Televisão - Televisão Comunitária

"Enquanto as redes, pela própria natureza de sua formação hegemônica, só podem se dirigir à média indiferenciada e amorfa dos cidadãos abstratos, uma televisão comunitária ou 'especializada' deve ser diversificada, na mesma amplitude da diversidade de seu público. No limite, a ampliação das programações localizadas e diferenciadas poderia mesmo vir a abalar a estrutura monolítica da transmissão ondular, pois seria quase impossível a um poder central exercer a vigilância sobre todas as emissões."

"A ampliação das oportunidades de acesso à televisão depende, evidentemente, de uma legislação nacional das telecomunicações que leve em conta a diversidade cultural do país."

(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)

Democracia e Televisão II


"A sua estrutura de funcionamento [televisão] é one way ou unidirecional: a cada emissor hegemônico estão conectados milhões de receptores isolados que não lhe podem responder de forma autônoma. O seu esquema de operação é do tipo homeostático: variações internas e externas apenas servem para que ela se ajuste aos ventos da conjuntura, mas nada disso abala o sistema, que tende a se perpetuar através das médias de audiência."
(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)

Democracia e Televisão

"A estrutura da transmissão eletromagnética - que parte de um pólo irradiador aos milhões de receptores individuais - cria as condições mais favoráveis para a homogeneização política e a pasteurização cultural. Dezenas de milhões de receptores distribuídos por toda uma nação recebem diariamente a mesma informação, ou quando muito um leque de opções limitadas, autorizadas todavia pela mesma instituição governamental monolítica."
(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Lua Interior

"A lua é semelhante à mulher. É diferente a cada noite e tem um ciclo regular, mas misterioso. Nossa visão da lua se altera. Às vezes, ela não se encontra no céu, está imperceptível, escondida e velada, mas contro-la as marés da emoção da energia. Quando nos tornamos conscientes da lua interior ou ciclo menstrual, somos capazes de nos aproximar da deusa que há dentro de nós e começar a conhecer a nós mesmas. Quando nos submetemos conscientemente à necessidade interior da nossa vida instintiva, nós nos tornamos mais singulares, mais verdadeiras conosco mesmas. É isso que Esther Harding chama a atitude psicológica da Virgem - única em si mesma - ou aquilo que Irene de Cartillejo chama nossa alma feminina, aquela que não pode ser negada."

Barbara Black Koltuv, "A tecelã - Ensaios sobre a Psicologia Feminina Extraídos dos Diários de uma Analista Junguiana". 1990