sábado, 3 de outubro de 2015

Vivenciar Dioniso


"Esse tipo de experiência, esse processo de expansão e retração, esse eterno desdobramento de si em vários “eus” é vivenciar Dioniso. Assim como o deus é plural, tanto em nomes quanto em vivências e histórias, nós também somos vários: por mais que busquemos a estabilidade, o movimento da dança da vida – que é a dança de Dioniso – nos faz desenvolver diferentes “eus” para podermos vivenciar seus vários ritmos e – por que não?! – nossos tropeços. E esses “eus” nunca serão apenas uns ou outros, mas diversos: é isso que Dioniso faz, ele nos impele à experiência, não a uma específica, mas a diversas delas, e fazendo isso ele nos conduz também à nós mesmos, porque o que nos define não é o zero, mas o um, o dois, o plural.

Então, Dioniso me mostrou que aquilo que nos mantém íntegros (sem sentido moral algum) é o conhecimento do nosso cerne, do nosso eu profundo; e que os “eus” que orbitam em torno dele não são meras máscaras descartáveis, que podemos aposentar, guardar no fundo do baú e fingirmos que nunca usamos; elas são, na verdade, o que alimenta nosso eu profundo e permite a ele o reconhecimento de si mesmo, além de sua reconstrução e modificação."