quarta-feira, 11 de junho de 2008

O Grande Pã morreu


“Certos autores nos afiançam que, pouco antes da vitória do cristianismo, uma voz misteriosa corria pelas margens do mar Egeu, clamando:
- O Grande Pã morreu!
O antigo Deus universal da natureza se extinguira. Grande alegria. Imaginava-se que, morta a natureza, estava morta a tentação. Por tanto tempo atormentada, a alma humana ia enfim repousar.
Era simplesmente do fim do antigo culto, de sua derrota, do eclipse das velhas formas religiosas que se tratava? De maneira alguma. Consultando os primeiros monumentos cristãos, encontramos em cada linha a esperança de que a natureza fosse desaparecer e a vida, extinguir-se; aproximava-se, enfim, o fim do mundo. Estão liquidados os deuses da vida, que haviam prolongado por tanto tempo sua ilusão. Tudo cai, desmorona, deteriora. O tudo torna-se o nada:
- O Grande Pã morreu!” (A Feiticeira, de Michelet)

Não era nenhuma novidade que os deuses tivessem de morrer. Muitos cultos antigos se fundam precisamente na idéia da morte dos deuses. Osíris morre, Adônis morre e também Jesus teve que morrer. Mas nos Mistérios Antigos, os deuses ressuscitam e renascem, ainda mais fortes do que quando se foram.
No Mitos, o Grande Deus, personificado pelo sol, morria, se sacrificando, doando assim a sua energia para a Grande Deusa, que está grávida, e com o nascimento da criança a terra se torna fértil novamente. A Deusa é personificada pela lua, e assim como no Mitos, é quando o sol morre, que a lua se torna mais forte.
Com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi morta, e o mundo testemunha o sepultamento dos velhos costumes; o prazer passou a ser visto como pecado e a mulher como porta para o inferno. Osíris foi assassinado por aquele que deveria ser seu irmão, e Seth reina durante a sua passagem pela terra dos mortos. A deusa é reconhecida como a Isis Negra.
Antes do filho do pássaro nascer e voar precisa forçar a casca do ovo que o aprisiona. O ovo é destruído, mas um novo mundo se abre diante dos olhos do filhote. A terra está grávida e um novo mundo deverá nascer, a sua dor e o “sacrifício” dos deuses antigos a fortificam, a força já foi doada. E é com toda essa força que a Deusa trabalha. Pã, os instintos e a sabedoria da carne, aguardam o seu nascimento, a Deusa está ceifando e arando a terra, no submundo, a semente aguarda.

3 comentários:

Gil Rodrigues disse...

Eu quero ser uma gota do orvalho que cai sobre essa semente.

Dayana M. disse...

Eu faço a ultrasonografia na terra

Progenitora Kim disse...

Eu não sei.

q/