terça-feira, 24 de agosto de 2010

O "masculino" e o "feminino" são criações culturais e, como tal, são comportamentos apreendidos através do processo de socialização que condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções sociais específicas e diversas. Essa aprendizagem é um processo de socialização que condiciona diferentemente os sexos para cumprirem funções sociais específicas e diversas. Essa aprendizagem é um processo social. Aprendemos a ser homens e mulheres e a aceitar como "naturais" as relações de poder entre os sexos. A menina, assim, aprende a ser doce, obediente, passiva, altruísta, dependente; enquanto o menino, aprende a ser agressivo, competitivo, ativo, independente. Como se tais qualidades fossem parte de suas próprias "naturezas". Da mesma forma, a mulher seria emocional, sentimental, incapaz para as abstrações das ciências e da vida intelectual em geral, enquanto a natureza do homem seria propícia à racionalidade.


Esta "naturalização" que inferioriza um dos sexos é um argumento também utilizado pelas teorias racistas. Os negros, os índios, seriam "por natureza" inferiores e, como tal, deveriam ser mantidos sob comando, alijados da participação política, econômica e social. Da mesma forma, os teoricos da discriminação de sexo apelam para a "natureza" da mulher para justificar sua posição social subalterna. Sendo ela, "por natureza", um ser frágil e dependente, legitima-se a assimetria sexual. Este reducionismo biológico camufla as raízes da opressão da mulher, que é o fruto na verdade de relações sociais, e não de uma natureza imutável. O novo debate feminista demonstra que a hierarquia sexual não é uma fatalidade biológica e sim o fruto de um processo histórico e, como tal, pode ser combatida e superada. Sendo História, e não natureza, é passivel de transformação."


(O que é Feminismo, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy - Coleção Primeiros Passos)

Olympe de Gouges


"Diga-me, quem te deu o direito soberano de oprimir o meu sexo? (...) Ele quer comandar como déspota sobre um sexo que recebeu todas as faculdades intelectuais. (...) Esta Revolução só se realizará quando todas as mulheres tiverem consciência do seu destino deplorável e dos direitos que perderam na sociedade."


"A mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. (...) Esses direitos inalienaveis e naturais são: a liberdade, a propriedade, a segurança e sobretudo a resistência à opressão. (...) O exercício dos direitos naturais da mulher só encontra seus limites na tirania que o homem exerce sobre ela; essas limitações devem ser reformadas pelas leis da natureza e da razão".


Os direitos da Mulher e da Cidadã de Olympe de Gouges. Pseudônimo de Marie Gouze (Montauban, 7 de maio de 1748 - Paris, 3 de novembro de 1793) foi uma feminista, revolucionária, jornalista e escritora.