sexta-feira, 30 de julho de 2010

Capa da "Time" traz foto de uma afegã que teve orelhas e nariz cortados pelos talibãs

A revista americana Time traz na capa da edição desta semana a fotografia de uma jovem afegã que teve as orelhas e o nariz cortados por desrespeitar as regras do grupo radical Talibã. A reportagem, que ilustra uma terrível situação vivida pelas mulheres no país, também defende a permanência das tropas americanas no local.

“Nossa capa desta semana traz uma imagem poderosa, chocante e perturbadora. É o retrato de Aisha, uma tímida jovem de 18 anos, que foi sentenciada pelo Talibã a ter seu nariz e orelhas cortados por fugir da casa da família do marido”, diz o editor-chefe da revista, que assina o editorial.

A reportagem conta a história da jovem que tentou deixar a casa onde vivia com marido e a família dele porque era tratada como escrava e apanhava constantemente. “Se ela não fugisse, morreria”, diz o texto.

Um comandante local do Talibã, no entanto, não se comoveu com a história e permitiu a barbaridade. “O cunhado de Aisha a segurou enquanto o marido dela cortou suas orelhas e o seu nariz”, explica a narrativa.

Segundo o editorial, o objetivo da reportagem é mostrar o tratamento que as mulheres recebem no Afeganistão e também “convencer os americanos sobre o que os Estados Unidos e aliados deveriam fazer no país”. A publicação apoia a permanência das tropas no país.

De acordo com a Time, atualmente Aisha é mantida em um local secreto, protegida por guardas armados e recebe dinheiro da ONG “Women for Afghan Women” (“Mulheres por Mulheres afegãs”, em tradução livre). Ela será levada aos Estados Unidos, onde passará por uma cirurgia de reconstrução de face, patrocinada por uma organização humanitária da Califórnia.


Veja abaixo um vídeo produzido pelo site da revista com fotos de Aisha.

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/capa-da-time-traz-foto-de-uma-afega-que-teve-orelhas-e-nariz-cortados-pelo-taliba

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"... ano de 2009 mostra que um total de 50.429 mulheres registrou ocorrência de lesão corporal dolosa, sendo que 51% sofreram essa violência por parte dos companheiros ou ex-companheiros.


o estudo mostra também a ameaça (47.027 registros) como uma das principais formas de violência doméstica contra mulheres: cerca da metade dos registros têm companheiros e ex como acusados.


o crime de homicídio doloso aparece no estudo com 371 vítimas mulheres (6,4% do total), o que significa que, no ano de 2009, praticamente uma mulher por dia foi assassinada no estado do Rio de Janeiro. Chama a atenção o dado sobre a provável relação entre vítima e acusado: 11,3% era companheiro ou ex; 1,3% pais/padrastos; 1,9%parentes.


Dossiê Mulher (download em www.isp.rj.gov.br)

domingo, 11 de julho de 2010

Toda mulher é meio Eliza Samudio

09/07/2010

POR JEAN WYLLYS

O desaparecimento de Eliza Samudio, a moça que teve um filho com o goleiro e capitão do Flamengo, Bruno, e que, agora, é dada como morta pela polícia que investiga o caso; este desaparecimento e sua cobertura por parte da mídia chamaram a minha atenção não por ser o tal do Bruno aquele apontado como o principal responsável pelo sumiço da moça (meu interesse por futebol não chega ao ponto de eu saber quem é o capitão do Flamengo), mas, sim, pelo fato de a internet, desde o momento em que a polícia levantou a hipótese de Eliza ter sido assassinada pelo goleiro, vir sendo invadida por comentários machistas que buscam desqualificar a vítima para, assim, “justificar” o crime que lhe tirou a vida. Como homem homossexual solidário às mulheres, eu me interessei pela repercussão do caso Eliza Samudio por perceber, nos comentários que lhe acusam de “Maria Chuteira”, “puta” e “atriz pornô”, entre outros mimos, não só aquela violência ordinária, construída ao longo dos anos em que uma menina se transforma em mulher e aprende a se tornar vítima, ou aquela violência mortal que, por exemplo, pôs fim à vida de Eliza, mas, principalmente, por perceber aquela violência sistemática dirigida contra todas as mulheres e que se expressa primeiramente na linguagem. É claro que a grande maioria destes xingamentos que objetivam desqualificar a vítima para “justificar” ou “explicar” a barbárie que lhe abatera partiu de homens, alguns deles fanáticos por futebol ou pelo Flamengo, mas muitos vieram também de outras mulheres, o que mostra que a dominação masculina é eficaz também por fazer, de muitas mulheres, machistas de plantão e inimigas de si mesmas. Depois de demorada e criteriosa investigação acerca do desaparecimento de Eliza, as polícias de Minas Gerais e do Rio concluíram que ela fora assassinada cruel e covardemente e divulgaram detalhes sórdidos e estarrecedores: a moça frágil teria apanhado ao ponto de pedir clemência aos seus algozes e, depois, estrangulada sob o olhar impassível de Bruno, goleiro do Flamengo, que, segundo a polícia, não só é o mentor deste crime hediondo como, após a conclusão do mesmo, sentou-se para beber cerveja e para falar de futebol. Estes detalhes me levaram às lágrimas e me tiraram o sono (Queria eu ser um super-homem para mudar o curso da história e salvar Eliza das mãos dos criminosos!), mas, a outros homens e mulheres, a divulgação dos detalhes sórdidos só serviu de estímulo para que continuassem a difamar a vítima na esperança de proteger não só um ídolo do futebol (e pensar que, na Escola do Flamengo, os futuros atletas idolatravam este tal de Bruno me dá arrepios!), mas, sobretudo, proteger o direito do macho sobre o corpo da mulher; sobre sua vida e sua morte. Indícios desta cumplicidade apareceram no fato divulgado pela imprensa de que os policiais e carcereiros da delegacia onde Bruno fora presa passaram a noite conversando amigavelmente com o acusado sobre futebol e viagens. Onde já se viu uma coisas destas? Será que esses policiais também concordam que “Maria Chuteira” que engravida de jogador rico e, depois, cobra-lhe uma pensão merece apanhar até morrer e, por fim, ser desossada e atirada aos cães? Será que eles disseram isto para o goleiro? Daí para Bruno ser inocentado é um pulo! O assassinato de Eliza Samudio – principalmente por ser, o acusado de ter planejado este crime, rico e famoso porque capitão de um time de futebol popular – traz à luz, de alguma maneira, as violências semelhantes a que são submetidas outras mulheres, e que, embora sabidas, não se tornam públicas. Mulheres que, como ela, eram cheias das esperanças e ilusões que povoam a alma, qualquer alma. Toda mulher é meio Eliza Samudio! Como homem solidário às mulheres (até porque tenho uma mãe, duas irmãs e muitas amigas que eu amo), eu espero pelo dia em que a notícia do assassinato brutal de uma mulher não sirva para que machistas e misóginos esmiúcem os detalhes de sua vida íntima com o intuito de desqualificá-la e, assim, “justificar” sua morte, mas, sim, que sirva de libelo contra a covardia da besta humana que praticou e/ou idealizou o crime.

FONTE: http://jeanwyllys5005.com.br/