segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pare o Estupro Corretivo!

AFRICA DO SUL: PARE O "ESTUPRO CORRETIVO"!

O "estupro corretivo", uma prática horrenda de estuprar lésbicas para "curar" a sua sexualidade, se tornou uma crise na África do Sul.

Millicent Gaika (foto acima) foi atada, estrangulada e estuprada repetidamente durante um ataque no ano passado. Ativistas sul-africanas corajosas estão arriscando as suas vidas para garantir que o caso da Millicent desperte mudanças. O seu apelo para o Ministro da Justiça repercutiu tanto que conquistou 140.000 assinaturas, forçando o ministro a responder ao caso em rede nacional.

Se muitos de nós aderirem, conseguiremos amplificar esta campanha, ajudando a conquistar ações governamentais urgentes para acabar com o "estupro corretivo". Vamos exigir que o Presidente Zuma e o Ministro da Justiça condenem publicamente o "estupro corretivo", criminalizem crimes de preconceito e liderem uma guinada crucial contra o estupro e homofobia no país.

Assine a petição agora e divulgue: http://migre.me/3L7d6

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Um minuto por Brenda

Tradução do Site

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O LINK PARA ASSINAR É http://www.allout.org/en/brenda

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Brenda Namigadde, uma lésbica nascida em Uganda que atualmente encontra-se no Reino Unido, está por ser enviada de volta a uma vida de ameaças e perseguições em seu país (deportada) AINDA ESTA SEMANA. Com o político Ugandês e autor da notória legislação conhecida como “Matem Gays” demonstrando interesse pelo seu caso, Brenda está sob sério risco se for forçada a voltar para Uganda.

Você vai assinar esta carta urgente pressionando a Ministra do Interior do Reino Unido, Theresa May, para interromper a deportação de Brenda?

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Para: Ministra do Interior Theresa May
 
Subject: Interrompa o processo de deportação de Brenda Namigadde

Hon. Theresa May, MP
House of Commons
London
SW1A 0AA
Tel: 020 7219 5206
Fax: 020 7219 1145 
mayt@parliament.uk

Prezada Senhora Secretária de Estado Theresa May,

Por favor, interrompa o processo em curso de deportação de Brenda Namigadde (caso nr. 1166867), uma lésbica cidadã de Uganda, cuja remoção está marcada para esta sexta-feira, 28 de janeiro. Brenda saiu de Uganda há oito anos porque estava sendo perseguida em razão de sua sexualidade, se for forçada a retornar ao seu país, Brenda teme que será “torturada ou morta... lá eles já mandaram pessoas como eu para a morte antes”. O fato de que um parlamentar de Uganda, que é violento e abertamente anti-gay, já tomou conhecimento do caso de Brenda significa que ela claramente enfrentará perigos de morte se voltar ao país.

No ultimo mês de Julho a V.Sa. declarou à imprensa que “já prometemos interromper a remoção de pessoas que buscam asilo porque tiveram que deixar seus países motivadas porque sua orientação sexual ou identidade de gênero as coloca em comprovada situação de risco de prisão, tortura ou execução”. Por favor, use todos os poderes de que dispõe para agir contra a deportação de Brenda.
Agradeço,
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BRENDA, FOI POR UM TRIZ:
http://migre.me/3NdvQ

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A disciplina da Senda não pode ser aprendida em livros; só a experiência nos traz a realização. Aceitemos, pois, nosso carma como nossa primeira iniciação. Lutemos por adquirir o dominío de nós mesmo em qualquer circustância, o que nos proporcionará uma grande serenidade em todas as condições que nos apresentem. Tem que se suportar o que nao se pode remediar. O Adepto é um ser humano de serenidade imperturbável, porque se domina completamente. Devemos adquirir o completo dominio do Reino Astral das Emoções, porque uma vez que o tenhamos conseguido, teremos a chave do Mundo Astral na mão, pronta para ser empregada quando o Iniciador nos leva ao seu umbral.

De Outro lado, é nosso dever iniludível, como cavaleiros e cruzados de Deus, resistir a todas as injustiças e impor a lei da harmonia em qualquer lugar onde Deus nos colocar. "Qualquer coisa que tua mão encontre para fazer, faze-a com toda a tua força." O que pode ser remediado não há porque suportá-lo se o valor e engenho humano encontrarem a forma de fazê-lo.

Não devemos permanecer boquiabertos, sentados, acabrunhados sob o peso de um mal remediável, nem queixar-nos continuamente de um mal irremediavel. Devemos aceitar voluntariamente e alegremente as coisas, ou repeli-las valente e decididamente.
[...]

(In Preparação e Trabalho do Iniciado, Dion Fortune)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Irã condena dois gays à morte por apedrejamento

por Graça Magalhães-Ruether, correspondente

BERLIM - Mesmo que Sakineh Mohammadi Ashtiani seja poupada da pena de morte, a Justiça do Irã continua sendo implacável na punição dos crimes contra a lei islâmica. Os jovens Ayub, de 20 anos, e Mosleh, de 21, que vivem na cidade de Piranshahr, na parte curda do Irã, foram acusados de homossexualismo e condenados à morte por apedrejamento. A execução da sentença está marcada para a próxima sexta-feira, dia 21.

O Comitê contra o Apedrejamento iniciou no último domingo uma campanha para salvar a vida dos dois jovens, que filmaram com os seus celulares cenas homossexuais, nas quais aparecia uma foto do presidente Mahmoud Ahmadinejad e do líder religioso Ali Khamenei.

Segundo Mina Ahadi, diretora do comitê, a reação do regime à campanha pela libertação de Sakineh mostra que a pressão tem efeito. Por outro lado, os representantes da linha-dura do regime querem mostrar ao mundo que não vão atenuar a Sharia, a lei islâmica, por influência do Ocidente. A estratégia do governo estaria resultando numa "farra de execuções", como denuncia a organização Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã ( ICHR).

Desde o início do ano, o governo iraniano já executou 47 pessoas, numa média de um condenado enforcado a cada oito horas. Segundo a ICHR, o Irã executa mais pessoas per capita do que qualquer outro país, e perde em números absolutos apenas para a China: no ano passado, Teerã ordenou a morte de ao menos 179, e de outras 388 em 2009. O grupo, baseado em Nova York, disse que os números podem ser ainda maiores, já que nem todas as execuções são públicas.

Há milhares de pessoas condenadas à morte no país, inclusive uma adolescente de 16 anos, considerada culpada por homicídio, segundo revela a agência de direitos humanos HRANA. Hadi Ghaemi, diretor-executivo do ICHRI, denuncia ainda a forma como os processos são julgados no país.

- Há muitas questões sobre os procedimentos legais, as acusações contra as pessoas executadas, e até mesmo a identidade dessas pessoas. Há preocupações muito sérias sobre abusos no Judiciário cometidos por forças de segurança e inteligência, de forma a implantarem suas agendas por meio de execuções em larga escala.

A organização acredita ainda que o Irã deflagrou campanha contra membros da minoria curda. Segundo a ICHRI, ao menos 14 ativistas curdos estão no corredor da morte.

O GLOBO

http://migre.me/3K8G9

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dionisio, deus dos fluidos


DIONISIO, deus dos fluidos, governa uma tenebrosa terra de ninguém de matéria semi transformada em liquido. Neumann observa a ligação lingüistica em alemão entre Mutter, mãe; Moder, brejo; Moor, paul; Marsch, pântano: e Meer, mar. Um miasma ctônico paira sobre a mulher, como a nuvem poluída que despejava pestilência sobre a Tebas de Edipo. O miasma e o destino procriativo da mulher, ligando-a ao primevo. [...] Dioniso, endossando a mulher, também a mantém no pântano ctonico. Sartre fala do mucoso ou viscoso, le visqueux, uma substancia entre dois estados, um lugar úmido e feminino, um liquido visto num pesadelo. O visgo de Sartre e o pântano de Dioniso, o lodo carnal da matriz gerativa. Nao há visão porque nao há olhos. A tocha solar de Apolo esta apagada; o âmago da criação e cego. No mundo útero feminino, nao há objetos nem arte. Dioniso e a totalidade que tudo abarca do culto da mãe. Nada lhe causa nojo, ja que contem tudo o que existe. 0 nojo e uma reação apolinea, um julgamento estético. Nojo sempre indica um certo desalinhamento, ou desvio, em relação ao maternal. (Camile Paglia - Personas Sexuais)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Gay torturado e assassinado em Minas

Grupo é preso depois de torturar e matar jovem em Muriaé

por Fernando Costa

Um grupo de quatro jovens foi detido nessa terça-feira (11) suspeitos de torturar e matar um rapaz de 18 anos em Muriaé, na Zona da Mata mineira. De acordo com a Polícia Militar, na madrugada dessa terça a corporação recebeu várias denúncias de que um corpo com sinais de violência estava caído nas proximidades de um local conhecido como Ponte da Coruja, na zona rural do município.

Ao chegarem ao local, os militares encontraram o corpo da vítima, que tinha a cabeça parcialmente separada do pescoço, além de queimaduras no peito, mão esquerda e no órgão genital.

Durante a ocorrência, os policiais entraram em contato com o namorado da vítima, que contou que a última pessoa a conversar com o jovem teria sido um primo dele. Procurado pela polícia, o familiar da vítima confessou que foi induzido pelos autores do crime a levar o rapaz até o local do homicídio.

Na sequência, o primo da vítima, que é menor de idade, delatou os outros suspeitos. O grupo foi detido e levado à Polícia Civil, mas não revelou a motivação do crime.

FONTE: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=107269

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Contra taxa, bruxas romenas amaldiçoam governo do país

MATTHEW WEAVER
DO "GUARDIAN"

Tradução de PAULO MIGLIACCI

As bruxas da Romênia lançaram nesta quinta-feira um feitiço sobre os governantes do país devido a novas regras que as forçariam a pagar impostos pela primeira vez.
Seu caldeirão continha excrementos de gatos e cachorros mortos em lugar de olhos de salamandra e pés de sapo.

O objetivo era amaldiçoar o presidente Traian Basescu e seu governo após a adoção de um novo regime tributário para enfrentar a recessão.

Bruxas do leste e do oeste do país se reuniram nas planícies do sul e nas margens do Danúbio para protestar.

Doze bruxas jogaram a venenosa planta mandrágora no rio, "para que males lhes sobrevenham", disse a bruxa Alisia à Associated Press.

A maldição não está sendo encarada com leveza em um país onde a superstição tem tradição. Sabe-se que Basescu e alguns assessores usam roupas púrpuras em certos dias para evitar mau olhado.

A nova lei é parte de uma campanha do governo para arrecadar mais e reprimir a sonegação de impostos. Forçará pessoas como bruxas, astrólogos e adivinhos a registrar suas profissões, sujeitando-as ao imposto de 16% pago pelos demais profissionais autônomos.

Há quem diga que a lei será difícil de aplicar, pois pagamentos a bruxas são em geral feitos em dinheiro e têm valores baixos, cerca de 20 a 30 leus (entre R$ 10 e R$ 20).

A bruxaria é tolerada pela Igreja Ortodoxa romena. O ditador Nicolae Ceausescu e sua mulher Elena tinham até uma bruxa pessoal.

Mircea Geoana, que perdeu a corrida presidencial para Basescu em 2009, foi mal durante um debate crucial e sua equipe culpou os ataques de "energia negativa" dos assessores do rival.

O assessor de Geoana Viorel Hrebenciuc alegou que havia uma conspiração de "chama violeta" durante a campanha, dizendo que Basescu e outros assessores usavam roxo para aumentar suas chances de vitória.

Eles continuam usando roupas roxas, já que a cor alegadamente torna quem a usa superior e a protege do mal.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ministras do governo Dilma

Por José Eustáquio Diniz Alves

Existe uma lei de cotas que obriga os partidos a preencher um mínimo de 30% das vagas das listas eleitorais para candidaturas do sexo menos representado no Poder Legislativo - historicamente o feminino. Esta lei nunca foi cumprida e o Brasil continua no bloco da lanterninha do ranking mundial de participação feminina na Câmara de Deputados.

Não existe nenhuma lei obrigando os/as chefes/as dos poderes executivos estaduais e nacional a nomear 30% dos cargos de ministros/as e secretários/as estaduais. Porém, a presidente eleita Dilma Rousseff disse que gostaria de ter um gabinete com 30% de mulheres. Portanto, mesmo sem uma obrigação legal a vontade política poderia garantir espaço às mulheres. Como diria Vandré, “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Porém, a vontade de Dilma não foi suficiente para indicar 11 mulheres. A pressão dos partidos para indicar lideranças partidárias (quase sempre homens) reduziu o espaço potencial das mulheres.

Nota-se que, das 9 ministras indicadas, 6 são do PT e 3 não possuem filiação partidária. Ou seja, com exceção do PT, os partidos coligados não indicaram mulheres. Estas 9 ministras, em um ministério de 37 vagas, representam um espaço de 24% para as mulheres. O que é pouco e ficou abaixo da expectativa.

A primeira mulher ministra do Brasil foi Esther Ferraz (ministra da Educação entre 1982 e 1985, durante o governo do general João Figueiredo). Nos governos seguintes a participação feminina no primeiro escalão foi mínima (variando entre uma e duas). No governo Lula o número máximo de mulheres no ministério chegou a 5 ministras, o que não alcançou o percentual de 15% do total dos cargos do primeiro escalão.

Assim, as 9 ministras do governo Dilma representam um avanço em termos de equidade entre homens e mulheres no topo da hierarquia do Poder Executivo. Mas este avanço não chegou aos 30% e tem que ser encarado como um primeiro passo rumo à paridade de gênero nos espaços de poder, pois no ranking mundial, em 2010, existiam cerca de 30 países com taxas acima de 30% de mulheres em posições ministeriais. A meta de gênero estabelecida em todo o mundo é a paridade (50/50) entre homens e mulheres na divisão compartilhada da alta administração pública e privada.

Porém, ainda poderia haver avanços se os governadores garantissem espaços para as mulheres. Atualmente, a participação feminina nas secretarias estaduais e municipais é muito baixa e uma meta de 30% pode ser um caminho para se atingir a paridade de gênero.

Finlândia, Noruega e Suíça são exemplos de países que possuem maioria de mulheres no primeiro escalão do governo. Michelle Bachelet, do Chile, José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha e Evo Morales, da Bolívia, são exemplos de dirigentes que adotaram a fórmula do “gabinete paritário”.

As mulheres são mais de 50% da população brasileira, possuem em média maior escolaridade do que os homens, vivem por mais tempo, são maioria na população economicamente ativa com mais de 11 anos de estudo, são também maioria dos beneficiários da Previdência Social (aposentados + pensionistas) e trabalham mais horas por dia quando se somam o trabalho remunerado e o trabalho doméstico não remunerado.

Neste sentido, a baixa participação feminina nos cargos de direção (no setor público e no setor privado) não faz juz à contribuição social das mulheres na sociedade.

O eleitorado brasileiro reconheceu a força feminina ao garantir 2/3 dos votos para as duas candidatas mulheres no primeiro turno (Dilma Rousseff com 47,7 milhões de votos e Marina Silva com 19,6 milhões) e eleger a primeira presidenta do Brasil com 55,8 milhões de votos (56% dos votos válidos) no segundo turno.

Eleger uma mulher para a Presidência foi um passo na escalada social das mulheres. Trinta por cento de mulheres no ministério foi outro passo. Mas diversas outras ações precisam ser dadas para garantir espaço feminino equitativo no topo da hierarquia dos cargos públicos e privados. A democracia e o desenvolvimento econômico (sustentável) não podem prescindir da presença feminina nos postos de direção. As nações prosperam quando usam o talento de todos os seus cidadãos e cidadãs.

A inclusão social das mulheres não é um jogo de soma zero. Ao contrário, a energia feminina provoca uma sinergia positiva para ambos os sexos. Quando a mulher possui liberdade para efetivar seus direitos, realizar suas capacidades, manifestar sua liderança e exercer sua autonomia cultural e econômica, toda a sociedade sai ganhando.

FONTE: Agência Patrícia Galvão - notícias e conteúdo sobre direitos das Mulheres.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Eu, etiqueta.

Em minha calça está grudado um nome

Que não é meu de batismo ou de cartório

Um nome... estranho

Meu blusão traz lembrete de bebida

Que jamais pus na boca, nessa vida,

Em minha camiseta, a marca de cigarro

Que não fumo, até hoje não fumei.

Minhas meias falam de produtos

Que nunca experimentei

Mas são comunicados a meus pés.

Meu tênis é proclama colorido

De alguma coisa não provada

Por este provador de longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Minha gravata e cinto e escova e pente,

Meu copo, minha xícara,

Minha toalha de banho e sabonete,

Meu isso, meu aquilo.

Desde a cabeça ao bico dos sapatos,

São mensagens,

Letras falantes,

Gritos visuais,

Ordens de uso, abuso, reincidências.

Costume, hábito, premência,

Indispensabilidade,

E fazem de mim homem-anúncio itinerante,

Escravo da matéria anunciada.

Estou, estou na moda.

É duro andar na moda, ainda que a moda

Seja negar minha identidade,

Trocá-lo por mil, açambarcando

Todas as marcas registradas,

Todos os logotipos do mercado.

Com que inocência demito-me de ser

Eu que antes era e me sabia

Tão diverso de outros, tão mim mesmo,

Ser pensante sentinte e solitário

Com outros seres diversos e conscientes

De sua humana, invencível condição.

Agora sou anúncio

Ora vulgar ora bizarro.

Em língua nacional ou em qualquer língua

(Qualquer, principalmente.)

E nisto me comprazo, tiro glória

De minha anulação.

Não sou - vê lá - anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago

Para anunciar, para vender

Em bares festas praias pérgulas piscinas,

E bem à vista exibo esta etiqueta

Global no corpo que desiste

De ser veste e sandália de uma essência

Tão viva, independente,

Que moda ou suborno algum a compromete.

Onde terei jogado fora

meu gosto e capacidade de escolher,

Minhas idiossincrasias tão pessoais,

Tão minhas que no rosto se espelhavam

E cada gesto, cada olhar,

Cada vinco da roupa

Sou gravado de forma universal,

Saio da estamparia, não de casa,

Da vitrine me tiram, recolocam,

Objeto pulsante mas objeto

Que se oferece como signo de outros

Objetos estáticos, tarifados.

Por me ostentar assim, tão orgulhoso

De ser não eu, mar artigo industrial,

Peço que meu nome retifiquem.

Já não me convém o título de homem.

Meu nome noco é Coisa.

Eu sou a Coisa, coisamente.

(Carlos Drummond de Andrade)