quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Solstício de Verão 2015

O sol
transpira
gotas
de fogo dourado,
que iluminam
e aquecem
meus poros.

Infinito em mim, Poemas
Adélia Maria Woellner

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Círculo de Mulheres

"A manifestação da Deusa... envolve a criação de um novo espaço, no qual as mulheres são livres para serem o que são... seu centro é o limite das instituições patriarcais... seu centro é a vida das mulheres que começam a se libertar rumo à totalidade."

O que é ser mulher?




sábado, 3 de outubro de 2015

Vivenciar Dioniso


"Esse tipo de experiência, esse processo de expansão e retração, esse eterno desdobramento de si em vários “eus” é vivenciar Dioniso. Assim como o deus é plural, tanto em nomes quanto em vivências e histórias, nós também somos vários: por mais que busquemos a estabilidade, o movimento da dança da vida – que é a dança de Dioniso – nos faz desenvolver diferentes “eus” para podermos vivenciar seus vários ritmos e – por que não?! – nossos tropeços. E esses “eus” nunca serão apenas uns ou outros, mas diversos: é isso que Dioniso faz, ele nos impele à experiência, não a uma específica, mas a diversas delas, e fazendo isso ele nos conduz também à nós mesmos, porque o que nos define não é o zero, mas o um, o dois, o plural.

Então, Dioniso me mostrou que aquilo que nos mantém íntegros (sem sentido moral algum) é o conhecimento do nosso cerne, do nosso eu profundo; e que os “eus” que orbitam em torno dele não são meras máscaras descartáveis, que podemos aposentar, guardar no fundo do baú e fingirmos que nunca usamos; elas são, na verdade, o que alimenta nosso eu profundo e permite a ele o reconhecimento de si mesmo, além de sua reconstrução e modificação."

domingo, 2 de agosto de 2015

Imbolc

"Esta é a festa da luz que cresce. Aquilo que nasceu durante o solstício começa a se manifestar e nós, que fomos parteiras do ano novo, agora presenciamos o filho do sol crescer com vitalidade, à medida que os dias tornam-se visivelmente mais longos. Este é o tempo da individuação: dentro dos limites da espiral, cada um de nós acende a sua própria luz e nos tornamos unicamente nós mesmos. É a época da iniciação, do começo, quando as sementes que, posteriormente, irão brotar e crescer, começam a se espreguiçar no seu sono escuro. Encontramo-nos para dividir a luz da inspiração, que crescerá com o ano que cresce." (A Dança Cósmica das Feiticeiras, Starhawk)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Só há equilíbrio no desequilíbrio


"Para o ser humano, o equilíbrio interno não é um dado fixo. Nem se trata de uma abstração ou de conceituação de um estado ideal. O equilíbrio é algo que a todo instante precisa ser reconquistado. Trata-se de um processo vivido, um processo contínuo onde as coisas se propõem a partir de uma experiência e onde, ao se reorganizarem os termos da experiência, já se parte para uma outra experiência, mais ampla. No fluir da vida, nos sucessivos eventos externos e internos que nos mobilizam, cada movimento de estabilidade é imediatamente questionado. Cada situação que se vive, cada ação física ou psíquica, cada emoção e cada pensamento desequilibra algum estado anterior. Introduz um fato novo, acrescenta uma medida de movimento. Desdobra algo, e nos desdobra em algo também. Obriga-nos a procurar outro momento ou novo plano de vivência e ação em que o acréscimo de movimento possa ser compensado e contrabalançado. Viver, para nós, torna-se um incessante ter-que-desequilibrar-se a fim de alcançar algum tipo de equilíbrio dentro de si.

Esses desequilíbrios em busca do equilíbrio são inevitáveis. São da essência do viver. São do nosso crescimento e desenvolvimento. Integram o conteúdo de nossas experiências, de nossas motivações e de nossas possibilidades reais. Traduzem para nós a presença vária de forças desiguais e intercorrentes em nós, de princípios talvez de oposição, originando ímpetos vitais que nos impulsionam a agir, a superar obstáculos, a compreender e a criar."

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Imago Editora. 1977, p. 99

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014


"Ao falar dos panteões dos deuses, fizemos notar que cada deus ou deusa representa um princípio espiritual ou uma força da natureza, com apenas uma exceção, o deus sacrificado, que representa a alma do iniciado, do qual também é o grande iniciador.
O panteão pode ser encarado de dois pontos de vista: o externo e o interno. Pode ser discernido na natureza ou na alma humana. Em seu aspecto final, ambos são um. É este o objetivo do trabalho dos Mistérios." 

(autoria desconhecida até este momento)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Consciente Coletivo

"No sonho, a associação de Jane com a 'a experiência psicológica' reportava-se a uma cena do romance de Jean Auel, intitulado The Clan of the Cave Bear. Durante um transe induzido por drogas, os feiticeiros de um Clã do período Cro-magnon participam de um ritual, no qual eles vão passando de mão em mão o crânio de um caçador - morto pelo tótem do Clã, o urso da caverna - cujo cérebro devoram. A seguinte passagem descreve essa experiência comunal através dos olhos de Ayla, uma mulher do período Neanderthal, adotada pelo Clã.

'Ela sentiu emoções desconhecidas, estranhas a seu próprio ser. A mais forte era a de amor, porém mesclado com profundo ódio e grande medo. Havia também um laivo de curiosidade. Teve um choque quando se conscientizou de que Mog-ur [o chefe dos feiticeiros] instalara-se dentro da sua cabeça. Na sua mente e nas suas emoções reconheceu os pensamentos e os sentimentos dele. Aflorava nisso tudo um aspecto nitidamente físico, uma sensação de multidão, sem o mal-estar que ela causa, mais como um toque, próximo, mas ainda não físico.

As raízes que alteram a mente... acentuavam uma tendência natural do Clã. Entre os componentes do Clã, o instinto havia evolvido para memória. Mas a memória, quando mergulhada na noite dos tempos, identifica-se, transforma-se em memória racial. As memórias raciais do Clã eram as mesmas; e, com percepção ativada, eles podiam partilhar memórias idênticas...

Ela compreendeu o profundo sentido de reverência com que os feiticeiros propiciavam o ato de canibalismo que tanto a revoltara. Não havia atinado, não tivera meios de perceber que se tratava de uma comunhão. A razão daquela Assembléia de Clãs era uni-los, transformá-los num Clã único... Todos os membros do Clã partilhavam de uma herança comum que não esqueceriam, e qualquer ritual celebrado em qualquer Assembléia teria para todos o mesmo significado. Os feiticeiros acreditavam estar contribuindo para o bem do Clã que, assim, absorvia a coragem do jovem que estivesse viajando com o Espírito de Ursus.'

Em estado de transe, Ayla traça a memória da raça e não apenas a passada, mas também a futura, onde vizualisa as duas correntes do homem pré-histórico - a de Cro-magnon e a de Neandertal - se fundirem para dessa fusão surgir o homo sapiens. Esta história é a fantasia de Auel - ou melhor, a memória - da vida pré-histórica. O que ela conta é sumamente primitivo; contudo, pode fornecer um modelo simbólico para o que nós, com a nossa tendência à individuação e à exogamia, precisamos reaver.

Embora a experiência comunitária possa parecer um retrocesso para um nível primitivo de comportamento, representa, na verdade, à maneira alfa e ômega, um passo à frente para todos os que se encontram no alvorecer da Era de Aquário. Um senso de comunidade torna-se imperativo, sob pena de destruirmos a Mãe-Terra."

(SCHAPIRA, Laurie Layton. O Complexo de Cassandra. Coleção Estudos de Psicologia Junguiana por Analistas Junguianos. Cultrix. 1988)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013


"O céu, grande e amoroso, curvou-se sobre a terra.
E deitou-se sobre ela como amante puro.
A chuva, fluxo úmido caindo do céu,
Tanto sobre os homens como sobre os animais,
sobre os fracos e os fortes,
Fez germinar o trigo, inchou os sulcos com barro fecundo
E fez surgir os brotos nos pomares.
E fui Eu que dei poder para esses casamentos úmidos.
Eu, a grande Afrodite."

(Ésquilo)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013


"O impasse crítico resultante dessa inadaptação revela a crise de transição que prenuncia o final de um período e o início de outro. Precisamos dar o próximo passo na metamorfose da consciência, queiramos ou não. Com base na experiência clínica individual, aprendemos que o passo seguinte na evolução é inevitável, conquanto costume ser doloroso. Mas pode ser muito facilitado quando sua necessidade é aceita e quando se compreende o sentido de sua direção em termos gerais. No entanto, só nos cabe apreender esse sentido de sua direção geral, qualquer tentativa de identificar ou prever o desenvolvimento futuro é uma inevitável decorrência de projeções futuras de elementos passados e presentes. Essas projeções baseiam-se no pressuposto tácito de que os passos que se dão adiante serão repetições de fases existentes. O equívoco dessa suposição está em deixar de fora a natureza e a imprevisibilidade da criatividade."
(O Retorno da Deusa: Mitologia Junguiana, Edward C. Whitmont)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"Somente há chave que dê o sentido de símbolo para quem compreende a simbólica mítica. Somente há via que conduza ao sentido sagrado do símbolo para quem vive a simbólica iniciática."

(Raul Berteaux, La Voie Symbolique, 1978)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A era da Filha


"O ensaio de Jung termina com as seguintes palavras: 'É função de Eros unir o que Logos dividiu. A mulher de hoje depara-se com uma tremenda tarefa cultural - talvez seja o amanhecer de uma nova era.'

[...]

No nível individual, toda mulher carrega na sua sombra os aspectos negligenciados, rejeitos e exilados do feminino, mas, num plano cultural mais amplo, num plano arquetípico mais profundo e num plano transpessoal mais elevado, o lado feminino de deus precisa ser redimido para trazer cura, a integridade e o equilíbrio para o planeta e a humanidade."

(Barbara Black Koltuv, "A tecelã - Ensaios sobre a Psicologia Feminina Extraídos dos Diários de uma Analista Junguiana". 1990)

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Enforcado: momento que antecede a "morte"


O Enforcado
The Lone Man (O Homem Só) no Old Path Tarot

O nome “Enforcado” traz a ideia de que este homem pode estar à beira da morte, prestes a sufocar e morrer. Bem, se pensarmos que o próximo arcano é a Morte, de certa forma esta é iminente, mas não do jeito que costumamos imaginar em um primeiro contato com a carta. 

Quando olhamos calmamente para o Enforcado, notamos seu rosto tranquilo. Ele está em paz e quando chegamos mais perto, parece até que está meditando. Olhando atentamente, notamos que nem amarrado ele está. Ou seja, está ali porque quer ou, mesmo que ali tenha sido colocado contra sua vontade, continua apenas pelo tempo que quiser.

Uma experiência interessante para analisar melhor esta carta: seguir o primeiro impulso, e virar este Enforcado ao contrário, com a cabeça para cima e os pés para baixo. No lugar de um homem dependurado, enforcado, esperando a morte, veremos um homem meditando, tranquilo, refletindo em paz. Voltemos a virá-lo como estava e, agora sim, podemos analisar este Enforcado.

Neste ponto da jornada, temos que fazer uma pausa e olhar o mundo de outra forma. Não temos como enxergar com clareza sem olhar por outra perspectiva. Por isso, ele está de ponta cabeça. Ele precisa olhar de outra maneira. Sem isso, não é possível encontrar qualquer solução.

Esse é um dos sentidos desta carta: é preciso olhar a vida de outra maneira se queremos encontrar a resposta. É preciso fazer esse exercício de reflexão sob outro aspecto, de outra perspectiva, de outro lugar.

Como o próximo arcano será o treze, a Morte, estamos às vésperas de uma grande mudança. Algo grandioso está para acontecer e, depois disso, nada será como antes. A carta da Morte traz uma transformação radical, profunda. Algo em nós ou em nossa vida vai morrer. Então, durante o Enforcado, temos que nos preparar para isso.

Os processos de morte, incluindo mudanças e grandes transformações, sempre trazem alguma dor. Trazem a necessidade de reflexão, de preparo. Temos que saber o que estamos abandonando e o que, depois que a Morte acontecer, poderá (re)nascer. Somos como a lagarta, que está para se tornar uma borboleta...

texto por Titi Vidal

TEXTO COMPLETO: http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_12_Titi_Esperar.asp




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Irmandade Feminina

"Quando, no fim dos anos 60, explodiu o rugido da ira feminina suprimida, rejeitada e negligenciada, as mulheres começaram a exprimir um pouco de sua raiva pessoal e de sua fúria divina, e começou a brotar, de uma cornucópia de auto-expressão feminina, arte, literatura, teatro e filosofia. As mulheres começaram a ler outras mulheres, a ouvir outras mulheres, a ver outras mulheres, a amar, a apreciar, a valorizar, a alimentar outras mulheres, a se preocupar com outras mulheres. A irmandade se reuniu. Como escreveu Monique Wittig em Les Guerillières:

Houve um tempo em que você não foi escrava, lembre-se disso. Você andava sozinha, repleta de alegria, tomava banho com a barriga de fora. Você diz que perdeu completamente a lembrança disso, lembre-se... diz que não há palavras para descrever isso, que isso não existe. Mas lembre-se. Faça um esforço para se lembrar. Se não conseguir, invente."

(Barbara Black Koltuv, "A tecelã - Ensaios sobre a Psicologia Feminina Extraídos dos Diários de uma Analista Junguiana". 1990)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Reinventando a Fogueira para novas bruxas

"E por fim, não permitam que o machismo se muna de mais uma arma para opressão da mulher, o bullying e o cyber-bullying nada mais são que apedrejamento em praça publica nada mais que uma nova versão de fogueira para as bruxas, só que hoje as bruxas são mulheres que não cabem no rótulo social de “mulher de bem” escrava e empregada do “homem de bem” e que neste caso os apedrejadores e inquisidores, confortavelmente, covardemente e convenientemente, escondem suas caras atrás da tela do computador."

sábado, 12 de outubro de 2013

Democracia e Televisão - Televisão Comunitária

"Enquanto as redes, pela própria natureza de sua formação hegemônica, só podem se dirigir à média indiferenciada e amorfa dos cidadãos abstratos, uma televisão comunitária ou 'especializada' deve ser diversificada, na mesma amplitude da diversidade de seu público. No limite, a ampliação das programações localizadas e diferenciadas poderia mesmo vir a abalar a estrutura monolítica da transmissão ondular, pois seria quase impossível a um poder central exercer a vigilância sobre todas as emissões."

"A ampliação das oportunidades de acesso à televisão depende, evidentemente, de uma legislação nacional das telecomunicações que leve em conta a diversidade cultural do país."

(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)

Democracia e Televisão II


"A sua estrutura de funcionamento [televisão] é one way ou unidirecional: a cada emissor hegemônico estão conectados milhões de receptores isolados que não lhe podem responder de forma autônoma. O seu esquema de operação é do tipo homeostático: variações internas e externas apenas servem para que ela se ajuste aos ventos da conjuntura, mas nada disso abala o sistema, que tende a se perpetuar através das médias de audiência."
(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)

Democracia e Televisão

"A estrutura da transmissão eletromagnética - que parte de um pólo irradiador aos milhões de receptores individuais - cria as condições mais favoráveis para a homogeneização política e a pasteurização cultural. Dezenas de milhões de receptores distribuídos por toda uma nação recebem diariamente a mesma informação, ou quando muito um leque de opções limitadas, autorizadas todavia pela mesma instituição governamental monolítica."
(Arlindo Machado. A Arte do Vídeo. 1988)