quarta-feira, 25 de maio de 2011

Governo Dilma suspende kit anti-homofobia do MEC em troca de silêncio no caso Palocci

Depois da pressão da bancada evangélica e de grupos católicos do Congresso e das ameaças dos parlamentares desses grupos de apoiar investigações sobre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o governo federal decidiu suspender a produção e a distribuição do kit anti-homofobia, que estava em planejamento no Ministério da Educação. Segundo o governo, todo o material do governo que se refira a "costumes" passará por uma consulta aos setores interessados da sociedade antes de serem publicados ou divulgados.

A suspensão do kit foi confirmada pelo ministro da Secretaria-Geral da República, Gilberto Carvalho, no começo da tarde desta quarta-feira.

A pressão dos parlamentares dos grupos de evangélicos e católicos foi feita com ameaças de convocar o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci para esclarecer a multiplicação do seu patrimônio e de pedir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na área da educação por causa do projeto do material que seria distribuído às escolas para promover a diversidade.

O ministro Carvalho, no entanto, discorda da versão de um acordo com os parlamentares envolvendo o caso de Palocci: "Não tem toma lá, dá cá", disse.

Segundo Carvalho, o governo "achou que seria prudente não editar esse material que estava sendo preparado no MEC e a presidente Dilma Rousseff decidiu pela supensão desse material, assim como o vídeo que estava sendo preparado por uma ONG". Ele afirmou também que, a partir de agora, todo material sobre costumes "será feito a partir de uma consulta mais ampla à sociedade".


Sem convocação nem CPI

Ao conseguir a suspensão do kit anti-homofobia, as bancadas evangélica e católica deixaram de pedir a convocação de Palocci e recuaram na abertura de uma CPI da educação.

Para Gilberto Carvalho, se as bancadas decidiram não fazer os pedidos, a mudança de atitude não tem relação com o recuo do governo sobre a questão do kit gay.

Já o deputado Antonhy Garotinho, afirmou: "todas as decisões que tínhamos tomado ontem, obstrução, criação de CPI do MEC e a convocação do ministro Palocci, estão suspensas com o compromisso que o ministro assumiu [de suspender o kit e colocar as bancadas nas discussões sobre material sobre costumes] e não com o pedido deles".

Na sessão de ontem, Garotinho já havia sugerido a ameaça: "Hoje em dia, o governo tem medo de convocar o Palocci. Temos de sair daqui e dizer que, caso o ministro da Educação não retire esse material de circulação, todos os deputados católicos e evangélicos vão assinar um documento para trazer o Palocci à Câmara”, afirmou à Agência Câmara.

FONTE: http://migre.me/4DCTi

domingo, 22 de maio de 2011

Marcha das Vadias

LUCIANA COELHO
EM BOSTON

Estuprada por colegas na faculdade em uma festa, Jaclyn Friedman nunca chegou a dar queixa. "Tanta gente disse que eu seria culpada, por estar na festa, por estar bebendo, por me vestir como eu me visto, que eu desisti."
O episódio, que aconteceu há quase duas décadas e foi narrado com resignação à Folha, marcou a vida da escritora e ativista feminista.
Seus agressores, inicialmente expulsos da faculdade, acabaram readmitidos e impunes, diz ela.
No último sábado, aos 39 anos, sutiã à mostra e tatuagem anunciando "corajosa", era Jaclyn uma das oradoras da SlutWalk, a "marcha das vadias", que reuniu 2.000 pessoas em Boston.
Até o segundo semestre, o movimento que começou em Toronto e pipocou em outras dez cidades dos EUA e do Canadá deve chegar a mais 40 cidades americanas e 19 outras pelo mundo.
Nova York, Houston, Londres, Johannesburgo e Buenos Aires estão no roteiro para reivindicar o significado da palavra "slut" (traduzível como "puta" ou "vadia", mas que na origem era "mulher desordeira").

"Porque nós vivemos um mundo de mentiras, sempre ouviremos que devemos ser obedientes, discretas, disponíveis e nunca agressivas -se o formos, viramos putas, e essa palavra é usada para nos pôr na linha", disse Jaclyn. A plateia urrou.
A SlutWalk surgiu como um protesto em resposta ao comentário de um policial canadense que orientou universitários dizendo: "Se a mulher não se vestir como uma vadia, reduz-se o risco de ela sofrer um estupro".
A frase reverberou não só no Canadá. Qualquer país, afinal, tem exemplos do que os organizadores chamam de "cultura de estupro": considerar o estupro um crime menor ou provocado pela vítima (quase sempre mulher, mas às vezes, homem).

MACHISMO

Os comentários de Paulo Maluf (com seu "estupra, mas não mata") e do comediante Rafinha Bastos (sobre mulheres feias que deveriam agradecer pelo estupro) traduzem o raciocínio.
Mas a SlutWalk vai além dos comentários machistas - como o da senhora que, ao ver Theresa Esconditto, 29, a caminho da marcha com "estou pedindo", estampado no decote, reprovou. "Espero que esteja assim para uma peça de teatro."
Como Jaclyn, muitas das participantes foram estupradas. "Não dá mais para que nos violem e nos culpem por isso, nem que nos digam o que fazer com nossos corpos", disse à Folha a comediante Cameryn Moore.
Na marcha majoritariamente feminina, moças carregavam frases como "meu vestido não significa sim". Uma participante tinha um cartaz dizendo ter sido estuprada aos 12 anos. "Estava usando agasalho largo e pantufas. Sou uma puta?"

FONTE: http://migre.me/4BNK8

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Evangélicos impedem votação do projeto que criminaliza homofobia

por Andrea Jubé Vianna e Eduardo Bresciani / BRASÍLIA

A pressão da bancada evangélica impediu a votação do projeto de lei complementar 122/06 que criminaliza os atos de homofobia, que seria votado na manhã desta quinta-feira, 12, na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. Numa sessão que ao final contou com troca de xingamentos e ofensas entre o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a senadora Marinor Brito (PSOL-PA), o projeto foi retirado de pauta sem previsão de retorno.

Representantes da Frente Parlamentar Evangélica presentes à sessão pediram o adiamento alegando que devem ser realizadas audiências públicas, porque ele não teria sido suficientemente discutido no Congresso. "Precisamos debater à exaustão, sem privilegiar ninguém. Há pelo menos 150 milhões de brasileiros que não foram ouvidos", disse o senador Magno Malta (PR-ES).

O projeto de autoria da ex-deputada Iara Bernardi (PT-SP) tramita há 10 anos no Congresso e somente em 2006 foi aprovado no plenário da Câmara. Relatora do projeto na CDH, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) queria tentar aprovar o seu parecer até a próxima semana, a tempo das comemorações do Dia Nacional de Combate à Homofobia (17 de maio), que vão movimentar a Esplanada em Brasília.

Marta chamou a atenção para esse momento "de maior compreensão e humanidade" que se estabeleceu no País, a partir do recente julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que estendeu às uniões homoafetivas os mesmos direitos e deveres dos casais heterossexuais. "O Judiciário se pronunciou sobre um assunto que há 16 anos o Congresso não consegue se pronunciar", completou a petista. "Esse projeto tem a ver com tolerância, respeito e cidadania, vai ajudar a diminuir a violência contra homossexuais", concluiu.

(estadao.com.br)

Nota de repúdio às piadas de mau gosto do “humorista” Rafinha Bastos

"A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) vem a público manifestar sua indignação pela maneira como o “humorista” Rafinha Bastos, da TV Bandeirantes, faz piadas com os temas estupro, aborto, doenças e deficiência física. Segundo a edição desse mês da Revista Rolling Stone, durante seus shows de stand up, em São Paulo, ele insulta as mulheres ao contar anedotas sobre violência contra as mulheres.“Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço”. Isso não é humor, é agressão gratuita, sem graça, dita como piada. É lamentável que uma pessoa - considerada pelo jornal The New York Times como a mais influente do mundo no twitter -, expresse posições tão irresponsáveis e preconceituosas. Estupro é crime hediondo e não requer, em nenhuma hipótese, abordagem jocosa e banalizada.

Vale lembrar que qualquer mulher forçada a atos sexuais, por meio de violência física ou ameaça, tem seus direitos violados. Não há diferenciação entre as vítimas e, tampouco, a gravidade e os danos deste crime diminuem de acordo com quaisquer circunstâncias da agressão. Assim, a SPM condena a banalização de tais preconceitos e, como organismo que visa, sobretudo, enfrentar a desigualdade para promover a igualdade entre os gêneros, a Secretaria repudia esse tipo de “humor” e qualquer forma de violação dos direitos das mulheres. Humor inteligente e transgressor não se faz com insultos e nem preconceitos. A sociedade não quer voltar à era da intolerância e, sim, dar um passo adiante."

FONTE: http://migre.me/4yD07

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Rafinha Bastos na Rolling Stone "Estupro é um favor pra mulher feia"


A Graça de um Herege
Por André Rodrigues

"Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho." O humorista Rafinha Bastos está no palco de seu clube de comédia, na região central de São Paulo. É sábado e passa um pouco das 20h. Os 300 lugares não estão todos ocupados, mas a casa parece cheia. Ele continua o discurso, finalizando uma apresentação de 15 minutos. "Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade." Até ali, o público já tinha gargalhado e aplaudido trechos que falavam sobre como cumprimentar gente que não tem os braços, o que dizer para uma mulher virgem com câncer, e por que, depois que teve um filho, Rafinha passou a defender o aborto. Mas parece que agora a mágica se desfez. O gaúcho de 34 anos, 2 metros de altura, astro da TV, não está emplacando sua anedota sobre estupro. Os risos começam a sair tímidos e os garçons passam a ser chamados para servir mais bebida. Rafinha aparenta não se dar conta de que algo ruim está acontecendo. Em vez de aliviar, ele continua no tema. "Homem que fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um abraço." Em vez de rir, uma mulher cochicha para alguém ao lado: "Que horror".

[Matéria na íntegra no http://migre.me/4vCIw]

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alguem tem que morrer - Medeia x Ifigênia


Entra Ifigênia. Feliz. Ela é jovem, confiante e está eufórica com a proximidade do casamento.

IFIGÊNIA – (dirige-se ao público) – Olá! Quem são vocês? (coloca a trouxa no chão). Ah! Estou reconhecendo... São os guerreiros de meu pai, Agamêmnon... Eu sou Ifigênia... Acabei de chegar. Vim a Áulis a chamado de meu pai. Vou casar com Aquiles!!!!!

Medéia sai da sombra. 

MEDÉIA – (dirige-se ao público) – O que temos aqui? Guerreiros gregos! (riso irônico).Como disse um orador, nestas regiões, se você levantar uma pedra, inevitavelmente encontrará escorpiões... Ou um grego!

IFIGÊNIA – Eu estou tão animada! (senta no chão e começa a mexer nos itens de enxoval que tem na trouxa) Casar! Era tudo o que eu queria, que eu esperava, afinal, esse é o destino da mulher! Por que vocês pararam aqui? Ninguém responde? Ah! Já sei! Foi para o meu casamento!

MEDÉIA – (joga a trouxa no chão) Inferno de destino! Tudo o que existe para a mulher é o casamento e a procriação. Eles dizem que, enquanto enfrentam a morte nas guerras nós ficamos protegidas em casa. Mas qualquer mulher concordaria em trocar de lugar com eles, se pudesse escolher entre ir para a guerra ou parir uma criança... Aqui na Grécia uma mulher não existe se não tiver um tutor, um homem que tome todas as decisões e assuma todas as responsabilidades, como se ela fosse uma criança grande, uma desmiolada incapaz de cuidar da própria vida! E pensar que houve um momento em minha vida que cheguei a sonhar com isso, ser somente mais uma mulher qualquer! Mas eu não sou uma qualquer, eu sou Medéia, a princesa da Cólquida e, apesar disso, sou considerada uma estranha, uma estrangeira e aqui sou tratada como um nada e por quem? Por um homem que é um nada! Eu, que pertenço a uma linhagem ilustre de feiticeiras e sou sobrinha de Circe! [...]

IFIGÊNIA – O que vocês vão fazer com essas cordas? Amarrar-me? Por que?  Tirem as mãos de mim! Não!!!!! Eu não quero morrer!!!! Por que eu tenho que morrer? Por que estou sendo transformada em vítima de um sacrifício à Ártemis? Para pagar um antigo erro de meu pai? Não!!!! Pai!!!! Papai!!!! Paizinho!!!! Não me mate!!!!! Eu sou a tua Ifigênia! A tua primogênita! Papai!!!!! Olha para mim!!!! Sou eu! Tua filhinha! Eu não sou uma bezerra, uma corça, um animal para sacrifício! Sou Ifigênia!!!!

MEDÉIA – Acho até que, para ele, seria melhor que eu morresse! Mas, por que eu deveria morrer? Só para cumprir o destino das rainhas desgraçadas? Será que ele pensa que sou uma Fedra, uma Dejanira? Ele está muito enganado! Eu não vou me enforcar com um cinto! Eu sou Medéia!  (tom de dúvida) E o que eu faço? Fico e vivo na desonra, ou parto para sempre? Pois recebi uma ordem do rei para partir... E para onde eu poderia ir? (risos – cínica) Para a casa de meu pai, a mesma casa para onde enviei os despojos esquartejados de Apsirto, que mataram a promessa de continuidade da linhagem de Eetes? Ou para Iolcos, onde ainda se sente o cheiro de carne humana cozida? (desesperada) E como Jasão, o amor de minha vida, como, como ele pode concordar com isso? (determinada) Mas deixe estar... Eu e as crianças sumiremos da vida dele. Só que vai ser sob os meus termos!

IFIGÊNIA – (levantando com um pulo) Afastem-se de mim!!!! Afastem essa mordaça!!!! Eu não vou ser tratada como se fosse um animal! Eu sou apenas uma donzela, mas eu também tenho honra! Eu devia ser como a aurora de um novo dia, mas vejo que na verdade a minha vida chegou cedo demais ao crepúsculo! Eu uso o vestidos amarelos da cor do açafrão, mas devia estar amortalhada, pois eu já morri, eu apenas não sabia!

Medéia retira o tule negro dos cabelos e joga no chão. Ifigênia se cobre com o tule, como velada.

MEDÉIA – Será que Jasão pensa que as mulheres não têm honra? Pois eu vou fazer com que ele descubra o quanto custa desonrar uma mulher como Medéia! Essa princesinha de Corinto, essa bobinha pensa que vai ser feliz, que vai formar uma família com Jasão, que vai ter filhos com ele? Na posteridade nem ao menos vai se saber ao certo qual era o nome dela. Eu disse era? Sim, porque ela já morreu, ela só não sabe disso. A minha vingança será tão terrível que, para ela teria sido melhor nunca ter nascido. Jasão? Jasão ficará vivo para sofrer... A casa dele será vazia, e mulher nenhuma terá coragem de se deitar com o homem de Medéia. Negarei a ele a posteridade, valor caro aos gregos. Sem filhos, quem realizará os ritos e cuidará de seu túmulo depois de sua morte? Que importa se Jasão já tem filhos? Eu dei a ele os filhos, eu tiro...

IFIGÊNIA – (em pé, pausada e digna) Afastem-se de mim. Sumam com essas cordas e essa mordaça. Eu já entendi tudo. Que boba que eu fui! Pensei que vocês (aponta para a platéia) estavam aqui para participar do meu casamento... Na verdade, vocês, que são os guerreiros gregos, estão presos nessa praia de Áulis porque Ártemis nega os ventos aos navios que deveriam levá-los para Tróia. E vocês querem ir para Tróia, pois é na guerra que é forjada a glória dos heróis. Se Ifigênia não morrer, se ela não for sacrificada, não haverá guerra. Sem o sacrifício de Ifigênia não haverá vento. E vocês ficarão mofando aqui, ou voltarão frustrados para os seus reinos. [...]

MEDÉIA –  (endurecendo) Não! Não permitirei que Jasão ria por último. Jasão me destruiu, eu o destruirei também! (adoçando). Mas eles são meus filhos, matá-los é enterrar a espada na minha própria carne... (endurecendo) Não! Não abandonarei a minha prole, permitindo que estranhos os criem, submetendo-os à vontade de outros, deixando que se tornem como navios abandonados ao sabor das vagas e das tempestades! Protegerei os meus filhos como a leoa, que diante do perigo devora a ninhada, pois assim ela está novamente protegida no seu ventre! Não permitirei que estranhos os matem, melhor que encontrem a morte pela mão de quem mais os ama. Jasão me destruiu, eu o destruirei de volta, e para isso é preciso que eu estraçalhe esse coração feminino que bate no meu peito, é preciso que eu sufoque os sentimentos que ainda vivem em mim, é preciso que eu sangre no que há de mais precioso de minha vida. Matando meus filhos, a mulher que vive em mim morre com eles, mas pelo menos retomo as rédeas de meu destino e minha honra estará resguardada. Ainda serei Medéia, princesa de Cólquida, sobrinha de Circe, feiticeira e sacerdotisa de Hécate, que vive no mundo dos mortos!

IFIGÊNIA Essa é a minha vontade! Eu não quero morrer, mas assumo a escolha de me sacrificar e morrer. Pois, para que o sacrifício seja válido, a vítima deve consentir... E no futuro, quando os poetas cantarem os feitos dos heróis da Guerra de Tróia, quando essas maravilhas embalarem os sonhos e os banquetes dos nobres e quando exemplos dos guerreiros forem usados na formação dos jovens, todos serão obrigados a admitir que tudo isso só foi possível pela coragem de uma donzela, Ifigênia, que ao aceitar a morte liberou os ventos que sopram em direção ao Oriente, que tomou em suas mãos o seu destino, abraçou a morte e tornou possível o canto que enaltece a glória dos heróis. É aí que reside a honra dessa mulher que sou eu, Ifigênia.

(AlGUEM TEM QUE MORRER (trechos) - Profª Maria Amália Longo Tsuruda)


Sob inspiração da Ifigênia em Áulis e da Medéia de Eurípides, o “cavaleiro da paixão”, que nos ensinou a patologia do amor, mas trata-se apenas de uma inspiração. Este texto foi elaborado com o objetivo de ser apresentado como um exercício cênico na VI Semana de Estudos Clássicos da FEUSP e utiliza as figuras de Ifigênia e Medéia como pretexto para a discussão sobre o papel da mulher na sociedade grega clássica. O casamento e a geração de filhos legítimos, meta primordial na vida das mulheres, é exposto por meio das esperanças de uma donzela, Ifigênia, que pensa estar prestes a casar e por Medéia que, por sua vez, disseca as decepções de um casamento falido. Ifigênia e Medéia são duas mulheres completamente diferentes. Ifigênia é a jovem inocente que sonha com as promessas de um futuro totalmente previsível e Medéia é a mulher que, conhecendo uma realidade muito cruel, relembra seu passado. Ifigênia é a típica donzela grega e Medéia é, há um tempo, mulher e figura semidivina, feiticeira e estrangeira, portanto, uma estranha. Trata-se de dois monólogos e as personagens nunca se comunicam, mas, do contraste estabelecido por suas considerações espera-se, dentro da melhor tradição do teatro ático, que os espectadores reflitam a respeito do que era o casamento na sociedade grega da época. Para esse exame da instituição do casamento, as falas de Ifigênia aglutinam passagens de Homero sobre as funções a serem exercidas pela mulher na dinâmica social da família e o seu papel econômico dentro da oikos, que pouco mudaram até o século V a.C.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Os Misterios do Sangue - Campanha Segunda Vermelha

CAMPANHA SEGUNDA VERMELHA 2011 - 1 MILHÃO DE MULHERES CELEBRANDO SUA MENSTRUAÇÃO!

Os mistérios do sangue ensinam que o sangue menstrual e o sangue do nascimento é o mesmo sangue, é o sangue universal, sangue do poder, sangue curativo.
Os mistérios do sangue ensinam-nos recordar que vida e saúde são vindas de à mulher, à mulher sábia, à mulher que sangra e sangra. E não morre.
Os mistérios do sangue revelam que o sangue menstrual e o sangue do nascimento são universais, cheio de potencial, cheio de vácuo, que devem ser usados para curar. O sangue do amor, sangue da abundância, o sangue que cura a terra.
Os mistérios do sangue recordam o imenso poder da mulher, o poder do sangramento. Quando nós sangrarmos na terra (na realidade ou o fantasia) nos reencontramos com o poder, enquanto nosso sangue corre através do chakra pessoal da raiz e na terra.
Sangrando na terra, sangrando livremente, nós como mulheres, como nutridoras da vida, como doadoras, nutridoras das plantas, doadoras da nutrição universal - nosso sangue do tempo da lua:

” Eu sou mulher que dá a nutrição para assegurar a vida deste planeta. Com meu poder do tempo da lua, meu sangue, com meu poder do nascimento, meu sangue, eu alimento a terra alimenta a todos. Cada mês eu recordo: Eu sou mulher. Eu sou terra. Eu sou vida. Eu sou nutrição. Eu sou mudança. Eu sou inteira. Eu sou mulher. Eu sei a vida, a morte, a dor, e a saúde em meu meu útero. Eu conheço os lugares sangrentos: o espaço estreito entre a vida e a morte, o lugar de nascimento sangrento, o fluxo sangrento da vida nutridora, o fluxo sangrento de deixar a vida ir. Eu sou mulher. Meu sangue é poder. Poder calmo. Sangue calmo.
Meu sangue é nutrição integral. Meu sangue nutre o feto crescente. Meu sangue transforma-se em leite para a criança nova. Meu sangue flui na terra como o nutrição para a Grande Mãe Gaia, a Mãe Terra.Gaia, cujas as maneiras são sangrentas. Mulher, cujas as maneiras são sangrentas. Sangue da nutrição. Mas sangrento. Sangue menstrual sangrento, sangue sangrento do nascimento.Sangue da paz, sangue nutridor. Sangue de saúde, não do sacrifício.A tradição sábia da mulher é uma mulher sangrenta-entregue.A saúde está mudando sempre. A vida é misteriosa, movendo-se nas espirais da mudança. Espirais que movem-se completamente para o vácuo. A mudança que faz a abertura que nos permite ver o presente saudável .
Sente-se, irmã, no musgo verde macio, e dê-se seu sangue sagrado da lua à terra, à espiral da vida. Deixe o fluxo vermelho do sangue do seu útero juntar-se ao verde e marrom da terra. Sente-se aqui. Relaxe e feche seus olhos e deixe as visões virem. Descanse agora e dê seu sangue da lua para nutrir a mãe que nos nutre. Relaxe e deixe as visões virem."

A época do sangramento menstrual, de acordo com a tradição da mulher sábia, é um momento das visões. Toda a mulher que prestar atenção a estas visões encontrará o poder dos xamã, das bruxa, sas mulheres medicinais.Adicione um pouco de folhas vermelhas a suas misturas herbais, com exceção da hera. Evoque o poder do sangue menstrual. Isso fará à medicina.Estes são os poderes naturais de mulheres menstruando, e em menopausa, e em início de menopausa:
*Ligação com a terra como uma presença responsável e nutridor.
* Comunicação com as plantas, animais, equilíbrio
* Criar o tempo
* Deslocar a forma
* Invisibilidade
* Comunicação com fadas, devas, elfos, elementais
* Prever futuro
* Aguça olfato, o paladar, a escuta, a visão, o tato.
* Cura

FONTE:  http://migre.me/4qavp

domingo, 1 de maio de 2011

Samhain - 1º de Maio

"E o fogo arderá
E a roda da vida irá girar
E os mortos voltam para casa em Samhain
E no céu noturno
Na luz lunar eles voam
E os mortos voltam para casa em Samhain."
(Samhain - Inkubus Sukkubus)


Na celebração Samhain, o deus chega à Terra da Juventude, a Terra Brilhante onde os espíritos dos mortos tornam-se jovens novamente, enquanto esperam pelo renascimento. Ele abre os portões para que possam retornar e visitar os seus bem-amados e reina ma Terra dos Sonhos à medida que se torna mais jovem, até que no solstício de inverno novamente renasce. Samhain Significa o início a partir do fim. (Dança Cosmica das Feiticeiras, Starhawk)