domingo, 24 de abril de 2011

Medusa e Perseu

No confronto de Perseu e Medusa é o ponto principal do mito, sendo importante comentar o sentido arquetípico desta parte. Segundo Vernant Medusa, Ártemis e Dioniso são poderes ritualisticamente configurados como mascarados. Neste sentido a máscara, com sua característica, separa a identidade da alteridade. Segundo Vernant este conceito da alteridade é representado na Medusa não como um outro homem, mas o outro do homem, isto é, a morte em vida simbolizando um estado psicótico. Com isto Medusa representa um estado caótico do inconsciente, com inversão e deformidade que desafiam qualquer lógica racional. Isto acontece porque ao decapitar a cabeça “máscara” da Medusa surgem dela o gigante Crisaor e o cavalo Pégasos.

Do ponto de vista psicológico o tema da petrificação está relacionado com estados psicóticos. A paralisação nos traz em mente uma extrema regressão de pacientes em estupor catatônicos, que é a forma mais grave da esquizofrenia.

Quando Perseu decapita Medusa, ele destrói a imagem de sua mãe negativa. Medusa simboliza a mãe que paralisa o filho não possibilitando que ele se desenvolva. Enquanto que Dânae simboliza a mãe positiva que é pura. Com isto um dos aspectos do herói representa a necessidade de se afastar do seu herói. Isto só será possível quando Perseu vence a Medusa, decapitando assim a sua imagem de mãe negativa.
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No mito Perseu traz a cabeça de Medusa para Polidectes. Esta parte do mito representa a  conscientização de conteúdos que estão no inconsciente. Desta forma Perseu consegue integração de conteúdos inconsciente.

Para Campbell, a grande façanha do herói supremo é alcançar o conhecimento dessa unidade na multiplicidade e, em seguida, torna-la conhecida. Esta façanha Perseu conseguiu ao decapitar a cabeça da Medusa , que estava no inconsciente e trouxe ela para a consciência.

Para concluir é importante ressaltar que o mito de Perseu representa a fortificação egoica e a indiferenciação do arquétipo da grande mãe e aspectos infantis. Com isto o herói nos traz uma integração de conteúdos inconscientes, nos possibilitando ser mais independente da figura materna.

(O Mito de Perseu por Alexandre Quinta Nova Teixeira)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Energia Sutil do Utero


A mulher que, durante muitos anos, e mesmo encarnações inteiras, ela foi condicionada a repudiar a menstruação e o útero, não é fácil aceitar esses temas que estamos desenvolvendo nestas palestras. Seria preciso andar passo a passo nesses ensinamentos para ir lentamente rompendo inúmeros tabus, oriundos do que lhe foi imposto há milênio. O poder energético do útero pode ser muito ampliado e a energia sutil ampliada e utilizada mediante rituais. Quando mais forte for o útero mais saúde genital se fará sentir, e a qualidade da energia que permite riqueza de intuição. Certos rituais favorecem a saúde uterina.

Os povos antigos usavam cavernas para certas atividades místicas pela grande quantidade de poder nelas contido. Uma caverna concentra muita energia, por ser algo como um bolsão de energia na superfície da Terra. As correntes de energia telúricas tendem a confluir para as cavernas e ali ficar açulada. Pela mesma razão o útero tem sido considerado, além das funções clássicas conhecidas, atua como um condensador e repositório de energia. Isso é importante porque é onde o processo de vitalização da matéria orgânica se estabelece para dar vida orgânica a um ser. Não é pouca a quantidade de energia sutil que se faz preciso para que o processo de vitalização de processe adequadamente.

Por conter um grande manancial de energia sutil é que no útero reside o grande poder feminino, até mesmo porque a seguir o coração é o órgão por onde mais ocorre fluxo de sangue, e o sangue é, como se sabe o mais eficiente fluido condutor de energia no organismo. Foi indagado por um entrevistador às discípulas de Dom Juan, Carol Tiggs, Taisha Abelar e Florinda Donner-Grau sobre a diferença entre feiticeiros homens e mulheres na linhagem do velho nagual. Elas responderam: “É a coisa mais simples do mundo. Como todas as mulheres do mundo, temos um útero. Temos órgãos diferentes dos existentes nos homens; o útero e os ovários, os quais, segundo os feiticeiros, facilitam a entrada em áreas exóticas da consciência. Os feiticeiros dizem que há uma força colossal no universo; uma força constante, perene, que oscila, mas não muda à qual chamam de consciência ou o mar escuro da consciência e asseguram que todos os seres vivos estão ligados a ela. Eles chamam esse ponto de ligação de ponto de aglutinação, e sustentam que, devido à presença do útero em seu corpo, as mulheres têm facilidade em deslocar o ponto de aglutinação para uma nova posição”.

Princípio Feminino:

A Grande Mãe representa a Energia Universal Geradora, o útero de Toda Criação. é associada aos mistérios da Lua, da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. é o inconsciente, o lado escuro da mente que deve ser desvendado. A Lua nos mostra sempre uma face nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida Eterna. Na Wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem, a Mãe e a Velha Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada à Bruxa na imaginação popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte Feminina presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal.

É importante o estabelecimento de um elo entre a energia feminina e a da Mãe Natureza, para isso há vários meios, sendo os mais eficazes, os rituais. Um ritual funciona como uma forma de condicionamento mental e assim possibilitar um meio de disponibilização energética bem eficiente, ou seja, da energia que existe acumulada no útero interagir com a energia telúrica, e vice-versa, além de poder ser direcionada para diversos fins. A mulher pode receber energia assim como direciona-la mediante rituais feitos relacionados com a Terra e a Lua. No universo tudo está interligado, as ligações podem ser mais ou ser menos eficientes, segundo diversas situações. Assim, a natureza feminina encontra paralelo na própria Terra e na Lua. Mulher, Terra e Lua compõem um triângulo energético muito forte. Os rituais podem intensificar essa ligação condicionando a mente a direcionar a energia contida no útero.

Nas Tradições clássicas ele foi simbolicamente representado por um cálice, por uma taça, um cálice. Cálice e vinho constam de muitas tradições iniciáticas, e isso têm a ver com o útero e com o sangue. “Este é o meu corpo e o meu sangue”...

Para a mulher se tornar uma bruxa – Fada – ela tem que destruir muitos preconceitos a respeito da menstruação, da função uterina, da sensação de que o sangue menstrual é algo sujo, nojento e asqueroso. Ela tem que eliminar esse modo de pensar e recuperar a sacralidade do útero e do fluxo menstrual. Um modo da mulher se familiarizar com o poder da feminilidade reside no contacto com seu útero e fluxo menstrual. Ela deve sentir amor pelo seu útero, considera-lo o objeto de imenso significado por ser nele que ela abriga os primeiros momentos de vida dos filhos. É uma autêntica ingratidão para com o seu órgão reprodutor, para aquele que serviu de matriz para acasalar os seus filhos nos primeiro momento de vida; aquilo que possibilitou o que de mais sagrado há para a mulher, o filho. É lastimável que quando o útero per a finalidade de gestar, ou mesmo antes disso, pela simples insinuação da medicina, muitas vezes movida por interesses pecuniários, a mulher aceite uma simples recomendação de extrair o útero. Ela por vaidade, inconveniência ou medo logo concorda com a histerectomia sem se dar conta de que está eliminando algo nobre, e que merece carinho especial.

Muitos dirão, e nas indicações por tumores malignos, por sangramentos, por miomas, etc. Nesse caso a indicação pode ser valida, na verdade se trata de um órgão já desfigurado, doente. Mas vale salientar que foi o descuido da mulher que provocou a doença, a desarmonia dela com a natureza. Não é comum uma mulher nativa ter hemorragias, ter tumores uterinos e outros problemas. Não tem cólica menstrual e coisas assim. Isso é um “privilegio” da mulher integrante da civilização, em especial da atual. O que é pior é que a mente da mulher desde jovem vem trabalhando com a possibilidade de distúrbios, doenças, e não o inverso. Assim como a mente gera o estado de saúde ela gera também o de doença. Na quase totalidade, as doenças nessa área são criadas pela mulher. 

Tudo isso pode ser evitado mediante certas Práticas, entre elas alguns rituais.

Estamos falando de bruxa como a mulher de conhecimento, que sabe manipular as focas da feminilidade a par da força da Mãe Terra, e não daquela retratada pelas Igrejas oficiais como uma velha corcunda, com pele enrugada, com verruga no nariz e cheia de maldade. O sentido que usamos a palavra vai mais pelo lado da Fada boa.

(José Laércio do Egito)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Se vocês tem sombra, agradeçam a consciência. Porque pra ter sombra, tem que ter luz." (dos Ensinamentos de Conchita)