Embora a maioria das mulheres na sociedade ocidental moderna tenha consideravelmente mais liberdade do que as mulheres da grécia antiga, as estruturas básicas do casamento não se modificaram tanto assim. É verdade que o cristianismo tornou o casamento um sacramento; porém, excetuando-se as vertents mais liberais do pensamento protestante, o casamento ainda é considerado primeiramente uma instituição para a procriação de filhos. Permanece basicamente patrinilinear. Nem a felicidade sexual das esposas nem os seus direitos idividuais recebem muita atenção de católicos conservadores ou de fundamentalistas religiosos, graças aos séculos de puritanismo e da atitude cristã que ainda considera as mulheres inatamente inferiores aos homens.
A idéia romântica de casar por amor e a expectativa de alcançar uma plenitude sexual provêm exclusivamente dos trovadores da Idade Média e do culto do amor cortesão, não do cristianismo; a Igreja opôs-se fervorosamente a essas noções, tentando sempre impor restrições à expressão erótica. Temos hoje, por certo, uma imagem fortemente romântica do casamento, mas esta é em grande parte uma criação - embora tremendamente influente - da literatura e dos meios de comunicação.
De uma esposa contemporânea ainda se espera basicamente que ela esteja pronta para dar apoio ao marido e ás metas e objetivos dele, não vice-versa. É verdade que nos ultimos anos muitos homens têm se envolvido seriamente na criação dos filhos, e ao menos eles compreendem plenamente quanto tempo, trabalho e dedicação isso envolve. Até o presente, porém, nenhum homem chegou a propor seriamente que as mulheres sejam remuneradas por esse serviço ou que ele de alguma forma constitui uma contribuição economicamente mensuravel para a sociedade. Quando a mulher engravida, ela quase sempre sofre financeiramente no emprego em que ocupa. Tornar-se mãe significa inevitavelmente ser penalizada economicamente.
Em outras palavras, o casamento continua existindo primordialmente para perpetuar a supremacia patriarcal e apenas secundariamente para beneficio das mulheres. O elevado índice de divórcios e a decisão de tantas mulheres seguirem hoje o caminho solitário, tendo uma profissão e mandendo-se solteiras, ou de tentarem equilibrar um emprego e a chamda "produção independente" de filhos, clama em altos brados contra a inadequação do casamento como um lugar de crescimento e plenitude para a maioria das mulheres na fase de evolução em que hoje se encontram.
(In A Deusa Interior, Jennifer Barker Woolger, Roger J. Woolger)
“Se o divórcio aumentou em 1000 por cento, não culpe o movimento feminista. Culpe os papéis obsoletos dos sexos, nos quais os casamentos eram baseados.”
(Betty Friedan)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Ai, por isso meus pais nunca se casaram.
Postar um comentário