No confronto de Perseu e Medusa é o ponto principal do mito, sendo importante comentar o sentido arquetípico desta parte. Segundo Vernant Medusa, Ártemis e Dioniso são poderes ritualisticamente configurados como mascarados. Neste sentido a máscara, com sua característica, separa a identidade da alteridade. Segundo Vernant este conceito da alteridade é representado na Medusa não como um outro homem, mas o outro do homem, isto é, a morte em vida simbolizando um estado psicótico. Com isto Medusa representa um estado caótico do inconsciente, com inversão e deformidade que desafiam qualquer lógica racional. Isto acontece porque ao decapitar a cabeça “máscara” da Medusa surgem dela o gigante Crisaor e o cavalo Pégasos.
Do ponto de vista psicológico o tema da petrificação está relacionado com estados psicóticos. A paralisação nos traz em mente uma extrema regressão de pacientes em estupor catatônicos, que é a forma mais grave da esquizofrenia.
Quando Perseu decapita Medusa, ele destrói a imagem de sua mãe negativa. Medusa simboliza a mãe que paralisa o filho não possibilitando que ele se desenvolva. Enquanto que Dânae simboliza a mãe positiva que é pura. Com isto um dos aspectos do herói representa a necessidade de se afastar do seu herói. Isto só será possível quando Perseu vence a Medusa, decapitando assim a sua imagem de mãe negativa.
[...]
No mito Perseu traz a cabeça de Medusa para Polidectes. Esta parte do mito
representa a conscientização de conteúdos que estão no inconsciente. Desta forma
Perseu consegue integração de conteúdos inconsciente.
Para Campbell, a grande façanha do herói supremo é alcançar o conhecimento dessa
unidade na multiplicidade e, em seguida, torna-la conhecida. Esta façanha Perseu
conseguiu ao decapitar a cabeça da Medusa , que estava no inconsciente e trouxe
ela para a consciência.
Para concluir é importante ressaltar que o mito de Perseu representa a
fortificação egoica e a indiferenciação do arquétipo da grande mãe e aspectos
infantis. Com isto o herói nos traz uma integração de conteúdos inconscientes,
nos possibilitando ser mais independente da figura materna.
(O Mito de Perseu por Alexandre Quinta Nova Teixeira)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário