quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cooperação

"Eu estava de pé, assistindo ao nascer do sol. Estava sozinha na margem daquilo que, à luz da aurora, parecia ser um lago imenso. O tempo foi passando e, enquanto esperava, aos fui percebendo que não estava só. Um homem e uma mulher se aproximavam de mim. Ambos estavam nus. Como se isso tivesse sido previamente combinado, eles pararam quando alcançaram um determinado ponto. Com movimentos quase em câmera lenta, o homem se curvou para erguer a mulher bem acima de sua cabeça e depois, com uma força sobre-humana, lançou-a em direção ao lago. Ela voou sobre as águas até que tive a impressão, observando da margem, de que flutuava à procura de um lugar para pousar.

Foi então que percebi uma pequena tartaruga nadando em direção a ela. De alguma forma, ela pousou sobre o casco, quase caindo, mas recuperando o equilibrio no último instante. A tartaruga foi capaz de sustentá-la. E, parada sobre o casco, a mulher parecia crescer, tornar-se enorme, uma vasta criatura, com a cabeça entre as estrelas e o dorso da tartaruga transformando-se na curvatura da Terra.

À beira da água, percebi que algo voava na minha direção. Era uma abelha. Ela pousou à minha frente e eu a examinei. Seu tamanho era aproximadamente de um cavalo e eu contive meus temores. Senti a presença do meu Mestre, apesar de não poder cê-lo, e fiquei tomada de tranquilidade. Percebi que estava nas costas da abelha enquanto ela voava comigo de volta para a sua colméia. Quando pousamos, deslizei de suas costas e caminhei ao seu lado ela me conduzia para o fundo da cólmeia. Eu estava caminhando ao longo dos corredores hexagonais construídos com cera limpa e fina. Abelhas, todas elas muito maiores do que eu, me cercavam de todas os lados. Senti meus dentes rangendo e segui meu guia.

Finalmente, chegamos a uma câmara onde reconheci a abelha-rainha. Eu quis dar meia-volta para ir embora, mas as palavras dela me impediram.

"Seja bem-vida, pequena abelha. Você tanto pode ir embora, com medo e preocupação, como pode ficar, com alegria e confiança, pois você também é uma pequena abelha, uma pequena abelha trabalhadora. Do mesmo modo como o verdadeiro ser é a colmeia e as abelhas são como células de um corpo vivo, todas servindo a colmeia da qual fazem parte, a Terra também é sua sua colmeia, pequena abelha trabalhadora. Morra sozinha no frio ou sirva a unidade. Todas as formas de vida que há sobre a Terra são como abelhas dentro de uma colmeia."

"Não temos então qualquer tipo de individualidade?!" - exclamei, quase com irritação.

"Exatamente, quando as colmeias estão prontas, produzem novas rainhase e formam novas colmeias. Examine a história e você encontrará muitas tentavivas que foram feitas para produzir novas rainhas. Mas vocês ainda não estavam preparados. Primeiro, é preciso servir à colmeia e torná-la forte. Tudo o que você aprender a coletar terá de ser trazido de volta à colmeia para ser compartilhado por todos

Estude as abelhas. Aprenda como elas dançam com o infinito. E compartilhe seu mel, pequena abelha, cada gota dele."

Extraído de uma viagem xamânica.

(A Serpente e o Circulo, Namua Rahesha)

Nenhum comentário: