quinta-feira, 21 de março de 2013

Jovem tunisiana é condenada a morte por fazer topless em protesto


Jovem tunisiana condenada a chibatadas e apedrejamento por tirar foto nua com frase "o corpo é meu e de mais ninguém"

TÚNIS - Um clérigo muçulmano condenou à morte por lapidação uma jovem tunisiana de 19 anos, que difundiu nas redes sociais uma foto sua fazendo topless com a frase em árabe: "Meu corpo me pertence e não representa a honra de ninguém". Amina, uma militante pelos direitos das mulheres, faz parte do Femen. No mesmo dia, um grupo de seguidoras do movimento no Facebook foi invadido por um hacker que se identifica como "Al Angur". As imagens, dela e de outra jovem, foram substituídas por versículos do Corão. A fotografia do perfil também foi trocada pelo peito nu de um homem abrindo a camisa com os dizeres "Maomé, o enviado de Alá".


O líder religioso Adel Almi, presidente de uma associação islâmica, sugeriu que a jovem fosse açoitada e apedrejada. A condenação, que provocou reações contra e a favor, foi emitida através de uma Fatwa, um pronunciamento legal no Islã de eruditos religiosos. Após as declarações, outra tunisiana postou na Internet uma foto sua em solidariedade a Amina , na qual também aparece com os peitos descobertos.

- Essa jovem, segundo a lei islâmica, merece receber entre 80 e 100 chibatadas, mas o que ela fez supera isso em muito, por isso deve ser apedrejada até a morte - disse o religioso na segunda-feira passada ao jornal tunisiano "Assabah News".

O protesto incomum da jovem na Tunísia gerou críticas dentro da própria família de Amina, que a considera uma "ofensa ao pudor da mulher e ao Islã". Os familiares respaldam sua sentença de morte, de acordo com o site "Algeria-focus".

- Nossa filha é vítima de manipulação mental, de lavagem cerebral. Devemos lutar contra este flagelo para salvar nossas meninas - disse a mãe da jovem, depois de expressar sua indignação e vergonha pelo comportamento.

Em nota difundida na internet, pais, tios e primos da jovem respaldam a condenação.

"Somos uma família muçulmana e não podemos aceitar essas práticas, que afetaram seriamente não só a nossa imagem, mas a imagem das mulheres tunisinas e da nossa religião, o Islã".

Em uma entrevista na televisão argelina, a jovem mostrou sua admiração pelas ativistas do Femen e sua luta a favor da igualdade de gêneros. A tunisiana admitiu que não imaginava que a foto pudesse causar tanta comoção.

- É só uma maneira de passar uma mensagem. Não foi por motivos sexuais, mas para defender os direitos da mulher - disse. - Se eu postasse uma foto minha vestindo uma camiseta com o mesmo slogan, não teria qualquer impacto. Eu quero que a mensagem seja lida. O corpo de uma mulher é dela, não de seu pai, seu marido ou do seu irmão.


Saiba mais:



"Con la foto y el mensaje “Mi cuerpo es mío y de nadie más”, Amina, la joven tunecina buscaba abogar por los derechos de las mujeres. La conderaron a latigazos y muerte."

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