Por Rosiane Rodrigues
No mês em que o "chute na santa" completa 25 anos - lembram daquela cena dantesca do "bispo" Sérgio Von-Hélder chutando Nossa Senhora Aparecida, transmitido em rede nacional, no dia 12 de outubro de 1985? - , um outro embate, só que desta vez entre a ultra-direita católica e os neopentecostais, está anunciado: a eleição de José Serra ou Dilma vai decidir em qual projeto teocrático o Brasil estará inserido nos próximos quatro anos. E ninguém parece chocado com este fato.
Pelo que tenho acompanhado na imprensa, a esquerda brasileira - ou o que sobrou dela - está, legitimamente, aterrorizada com a possibilidade de Serra ganhar a eleição por um motivo bastante interessante: temem que o apoio da Opus Dei e da TFP (organizações ligadas à ultra-direita católica; uma que esteve à frente de governos fascistas na Europa - Opus Dei - e outra que serviu de base para a ditadura militar no Brasil - TFP) possam fazer com que o país seja submetido a um regime teocrático. Mas eu pergunto: o Brasil já não é, tecnicamente, uma teocracia? Será que o PT, e os partidos da base aliada, esqueceram que a Igreja Universal do Reino de Deus - e vários de seus dissidentes - estão na base eleitoral de Dilma? Não foi a coordenação de campanha do PT que colocou o senador Marcelo Crivella (sobrinho do chefe Edir Macedo) para organizar as ditas bases evangélicas?
A nós, jornalistas, cabe fazer perguntas. Mesmo que as repostas sejam insuficientes ou não existam. Quando é que as propostas de Dilma e Serra para o Brasil sairão das questões dogmáticas que envolvem todas as religiões (como o aborto e a relação estável entre homossexuais) e passarão a ser laicas e estruturais, visando o bem-estar da população? Será que os dois candidatos ainda não perceberam que seus apoios não contemplam a diversidade no Brasil? Alguém tem dúvida de que a Opus Dei e a TFP,ou as duas juntas, são a mesma coisa que a as igrejas de Edir Macedo, Waldomiro Santiago, Malafaias e Garotinhos?
E como dever profissional, ainda garantido na Constituição,continuo: qual a disposição dos candidatos (Serra e Dilma) se comprometerem com a efetivação do Plano Nacional de Combate àIntolerância Religiosa? Será que os votos dos ciganos, judeus, cristãos históricos, muçulmanos, candomblecistas, umbandistas, católicosprogressistas, quilombolas, índios, ateus e agnósticos valem menos queos dos neopentecostais e carismáticos? Ou será que para os nossos candidatos (desta enorme pátria-colonizada-cristã) só interessa o podereconômico e eleitoral dos grupos que defendem projetos de dominação e o extermínio das diferenças?
Pelo que tenho acompanhado na imprensa, a esquerda brasileira - ou o que sobrou dela - está, legitimamente, aterrorizada com a possibilidade de Serra ganhar a eleição por um motivo bastante interessante: temem que o apoio da Opus Dei e da TFP (organizações ligadas à ultra-direita católica; uma que esteve à frente de governos fascistas na Europa - Opus Dei - e outra que serviu de base para a ditadura militar no Brasil - TFP) possam fazer com que o país seja submetido a um regime teocrático. Mas eu pergunto: o Brasil já não é, tecnicamente, uma teocracia? Será que o PT, e os partidos da base aliada, esqueceram que a Igreja Universal do Reino de Deus - e vários de seus dissidentes - estão na base eleitoral de Dilma? Não foi a coordenação de campanha do PT que colocou o senador Marcelo Crivella (sobrinho do chefe Edir Macedo) para organizar as ditas bases evangélicas?
A nós, jornalistas, cabe fazer perguntas. Mesmo que as repostas sejam insuficientes ou não existam. Quando é que as propostas de Dilma e Serra para o Brasil sairão das questões dogmáticas que envolvem todas as religiões (como o aborto e a relação estável entre homossexuais) e passarão a ser laicas e estruturais, visando o bem-estar da população? Será que os dois candidatos ainda não perceberam que seus apoios não contemplam a diversidade no Brasil? Alguém tem dúvida de que a Opus Dei e a TFP,ou as duas juntas, são a mesma coisa que a as igrejas de Edir Macedo, Waldomiro Santiago, Malafaias e Garotinhos?
E como dever profissional, ainda garantido na Constituição,continuo: qual a disposição dos candidatos (Serra e Dilma) se comprometerem com a efetivação do Plano Nacional de Combate àIntolerância Religiosa? Será que os votos dos ciganos, judeus, cristãos históricos, muçulmanos, candomblecistas, umbandistas, católicosprogressistas, quilombolas, índios, ateus e agnósticos valem menos queos dos neopentecostais e carismáticos? Ou será que para os nossos candidatos (desta enorme pátria-colonizada-cristã) só interessa o podereconômico e eleitoral dos grupos que defendem projetos de dominação e o extermínio das diferenças?
Correlação de forças - O interessante é que se o Serra ganhar no segundo turno, terá enormes dificuldades em governar. Explico: a bancada neopentecostal cresceu acintosamente. O PR e o PRB - mantidos pela IURD - deram show nas urnas. Isso sem contar a eleição de diversos pastores e "ovelhas" deste rebanho em outros partidos, inclusive no PT. Este dado implicaria numa necessária composição dentro da Câmara Federal. Se a eleita for a Dilma, continuarão chovendo concessões de rádio e TV para os líderes dos currais eleitorais, em que se transformaram as igrejas neopentecostais. E claro, ela terá que compor com os aliados de ultra-direita de Serra, para poder governar. Porque qualquer um sabe que se o PT ou o PSDB acham que podem controlar, sejam os nepentecostais ou os seguidores da Opus Dei, estão completamente enganados. Projetos fascistas não se bastam, querem sempre mais e mais.
Então, vamos combinar. Ou Dilma e Serra atestam que a partir de 2011 o Brasil assumirá definitivamente a sua vocação para um regime teocrático (para que nós, os eleitores, possamos escolher entre um governo de ultra-direita católica ou evangélica), ou os nossos candidatos se comprometem com ações laicas, que visem a garantia e manutenção de direitos para as minorias étnicas e religiosas, sob o risco de embarcarmos num caminho sem volta.
Como sou precavida, já estou providenciando a renovação do passaporte. Talvez consiga asilo político-religioso em algum país do Oriente Médio. Mas sei que antes terei de cumprir o sagrado dever de votar.
Como sou precavida, já estou providenciando a renovação do passaporte. Talvez consiga asilo político-religioso em algum país do Oriente Médio. Mas sei que antes terei de cumprir o sagrado dever de votar.
Um comentário:
Teocracia Cristã apesar de ser uma velha paranóia pagã, é apenas paranóia. Inúmeros fatores impedem a instauração de uma teocracia cristã no Brasil:
1- Mesmo que os cristãos sejam maioria, o cristianismo, sobretudo no Brasil, é extremamente dividido. Apesar dos cristãos serem maioria, eles dificilmente se organizariam para um governo fundamentalista.
2- Apesar dos fanáticos serem maioria entre as classes baixas(devido ao desespero que elas vivem), são ínfima minoria entre as classes média e alta. Já conheci inúmeros pastores, padres e teólogos que já se levantaram para defender injustiças contra gays ou intolerância contra pagãos.
3- Sei que o motivo desse desespero é que tu, como toda feminista radical, acha que aborto é uma dádiva das mulheres e proibi-lo é um estupro(assim como não te deixarem trabalhar de estivadora e deixarem tu tricotando), mas a questão do aborto é um pouco além da religião, é uma questão bioética cercada de uns medinhos toscos e extremistas.
Mas eu nem falo nada porque eu particularmente acho bioética é uma palhaçada.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bio%C3%A9tica
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