por Sergio Ramalho
RIO - A vendedora
X., de 21 anos, voltava para a casa após um dia de trabalho e estudo.
Era noite de sexta-feira e, apesar do cansaço, ela planejava encontrar o
namorado. Os planos da estudante, contudo, foram interrompidos
bruscamente. Com uma faca na garganta, a jovem foi arrastada para um
matagal em Santa Cruz e estuprada por horas.
Seis meses depois, X. ainda tem pesadelos com o episódio, que mudou sua
vida. Nesse período, perdeu o emprego, deixou a escola e terminou o
namoro, por não conseguir mais se relacionar sexualmente com o parceiro.
Ela não está só. No ano passado, a cada duas horas uma mulher foi vítima de estupro no estado.
(Como combater a violência contra a mulher? Mande um artigo.)
A análise das estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP)
revela que foram registrados 4.589 estupros em 2010, uma média de 12 por
dia, o que representa um aumento de 11,3% em relação ao ano de 2009,
quando foram computados 4.120 casos. Observando os números registrados
nos últimos cinco anos, é possível comprovar que esse tipo de crime vem
avançando nas estatísticas. Em 2006, por exemplo, foram contabilizados
3.200 casos - 1.278 estupros e 1.922 atentados violentos ao pudor. A
comparação com os dados do ano passado indica um crescimento de 43,4%.
Vale ressaltar que, até agosto de 2009, quando o Código Penal passou por uma revisão, estupro e atentado violento ao pudor eram tipificados de forma distinta. Com a
mudança, os dois crimes foram unificados no artigo 213 da lei 12015/09,
que prevê pena de seis a dez anos de prisão para o estuprador. O
criminosos podem ter a condenação aumentada em caso de agravantes. Se o
crime resultar em lesão corporal grave ou se a vítima for menor de 18
ou maior de 14 anos, a pena de prisão passa a ser de oito a 12 anos. Em
caso de morte da vítima, a condenação mínima é de 12 e a máxima, de 30
anos de reclusão.
O endurecimento da lei, entretanto, parece não ter surtido efeito.
Basta verificar que, no primeiro ano de vigência da nova norma, em 2010,
os casos de estupro subiram 11,3%. A tendência de crescimento se repetiu em janeiro deste
ano, quando foram computados 396 casos (uma média de 13 por dia), número
14,7% superior ao registrado no mesmo período de 2010, quando foram
contabilizados 345 estupros no estado.
A tendência de crescimento desse tipo de crime pode ser
verificada a partir de 2006, quando foram computados 3.200 casos. No ano
seguinte, houve um pequeno acréscimo - foram 3.222 registros. Em 2008, o
ISP contabilizou 3.846 estupros - um aumento de 19,3%, ou 624 casos a
mais, em relação a 2007. Em 2009, houve novo crescimento, dessa vez de
7,1% em relação ao ano anterior.
Um estudo do ISP mostra, com base em números de 2008 e 2009, as
Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisps) que registram maior
incidência do crime. Nos dois anos citados, a 20 Aisp, que reúne os
municípios de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, ficaram em primeiro
lugar nesse ranking.
FONTE: O GLOBO
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