quarta-feira, 16 de março de 2011

Sobre a vinda de Cristos (Parte I)

"Para uma coisa manifestar-se nos planos da forma, tem que ser expressa por meio de uma forma; sem isso não pode haver manifestações. O cristo interno opera quando nos apecebermos, ainda que momentaneamente, do amor perfeito que faz com que todas as coisas sejam uma unidade. Todavia, para que a força crística possa operar a mente coletiva ou de uma comunidade, é necessário que se produza uma realização igualmente coletiva da natureza dessa força. É por isso que temos os cristos dos raios, e não apenas uma só manifestação de uma força impessoal para o universo e toda evolução.
Cada raio manifesta sua força numa fase da evolução, e os aspectos positivo e negativo dos raios são os dias e as noites de Bramá. A sabedoria secreta nos diz que os raios vão entrando em ação por turno, como se fossem raios emitidos por uma única luz, sendo a precessão dos equinócios o relógio cósmico que assinala sua aurora e seu poente. Cada raio desenvolve uma fase da evolução, e cada evolução recapitula a obra de suas antecessoras antes de começar a sua própria obra.
[...]
Este Imperador-Sacerdote, que é uma alma perfeita na evolução anterior, é incomensuravelmente superior às consciências rudimentares que ele vem governar e dirigir, porque tendo terminado sua própria evolução, é um dos mundos de Deus, e a intuição, ao reconhecê-lo assim, invariavelmente o tratava como uma divindidade, porque realmente a divindade se manifestava por seu intermédio. É este ser quem implata na alma coletiva da raça evolucionante as idéias arquetípicas que constituem as faculdades, sendo um processo análogo ao que cada indivíduo realiza ao transmitir os frutos de sua evolução a cada personalidade sucessiva em que vai se manifestando. A civilização assim iniciada vai seguindo seu curso até o nadir da evolução material, ou seja, o ponto mais distanciado de Deus, metaforicamente falando. Neste ponto, tem que dar volta e começar a subida sobre o arco evolutivo, e é aqui onde o Logos Planetário ou o Cristo do Raio se manifesta no mundo físico.
Antes de seu advento, o Raio é uma emanação da vida divina governada pelas leis evolucionadas nas evoluções precedentes, mas então o Logos Planetário diz "uma nova lei vos dou".
A missão do Logos Planetário ao encarnar-se como ser humano, é dupla. Seu aspecto exotérico é o de viver a vida humana arquetípica (ou seja, a vida que todos os seres humanos pertencentes a este raio viverão quando tiverem alcançado a perfeição), imprimindo assim na mente coletiva o ideal ou padrão de vida e de ação. Desta maneira, ele não é somente o "deus perfeito", e, sim, a divindade manifestada e ao mesmo tempo o "Homem perfeito" ou arquétipo ideal de humanidade para essa fase da evolução e o que ele é durante sua breve manifestação terrestre, deverão ser todos os seres humanos quando "se tornam perfeitos como perfeito é o pai que está no céu".
[...]
Não se deve, porém, acreditar que o Manu de um Raio atue como Rei e Sacerdote no princípio, e o Logos Planetário de um Raio como seu Cristo no subciclo que corresponda por seu número e ao número do Raio, fique a humanidade sem guia um só instante. Cada subciclo de um Raio, cada sub-raça da humanidade tem seu Grande Ser, mas estes não são do grau do Logos Planetário, que são a humanidade aperfeiçoada de evoluções anteriores, mas, sim, são da humanidade aperfeiçoada da sub-raça imediatamente precedente, que em número corresponde ao subciclo do Raio em que se esteja trabalhando. Estas entidades devem ser distinguidas dos verdadeiros Logos Planetários pelo fato de que todos os Cristos se manifestam mediante um nascimento virginal e morrem em sacrifício, e em tudo isto de oculta um profundo mistério."

(trecho de Preparação e Trabalho do Iniciado, Dion Fortune)

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