sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dionisio, deus dos fluidos


DIONISIO, deus dos fluidos, governa uma tenebrosa terra de ninguém de matéria semi transformada em liquido. Neumann observa a ligação lingüistica em alemão entre Mutter, mãe; Moder, brejo; Moor, paul; Marsch, pântano: e Meer, mar. Um miasma ctônico paira sobre a mulher, como a nuvem poluída que despejava pestilência sobre a Tebas de Edipo. O miasma e o destino procriativo da mulher, ligando-a ao primevo. [...] Dioniso, endossando a mulher, também a mantém no pântano ctonico. Sartre fala do mucoso ou viscoso, le visqueux, uma substancia entre dois estados, um lugar úmido e feminino, um liquido visto num pesadelo. O visgo de Sartre e o pântano de Dioniso, o lodo carnal da matriz gerativa. Nao há visão porque nao há olhos. A tocha solar de Apolo esta apagada; o âmago da criação e cego. No mundo útero feminino, nao há objetos nem arte. Dioniso e a totalidade que tudo abarca do culto da mãe. Nada lhe causa nojo, ja que contem tudo o que existe. 0 nojo e uma reação apolinea, um julgamento estético. Nojo sempre indica um certo desalinhamento, ou desvio, em relação ao maternal. (Camile Paglia - Personas Sexuais)

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