BERLIM - Mesmo que Sakineh Mohammadi Ashtiani seja poupada da pena de morte, a Justiça do Irã continua sendo implacável na punição dos crimes contra a lei islâmica. Os jovens Ayub, de 20 anos, e Mosleh, de 21, que vivem na cidade de Piranshahr, na parte curda do Irã, foram acusados de homossexualismo e condenados à morte por apedrejamento. A execução da sentença está marcada para a próxima sexta-feira, dia 21.
O Comitê contra o Apedrejamento iniciou no último domingo uma campanha para salvar a vida dos dois jovens, que filmaram com os seus celulares cenas homossexuais, nas quais aparecia uma foto do presidente Mahmoud Ahmadinejad e do líder religioso Ali Khamenei.
Segundo Mina Ahadi, diretora do comitê, a reação do regime à campanha pela libertação de Sakineh mostra que a pressão tem efeito. Por outro lado, os representantes da linha-dura do regime querem mostrar ao mundo que não vão atenuar a Sharia, a lei islâmica, por influência do Ocidente. A estratégia do governo estaria resultando numa "farra de execuções", como denuncia a organização Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã ( ICHR).
Desde o início do ano, o governo iraniano já executou 47 pessoas, numa média de um condenado enforcado a cada oito horas. Segundo a ICHR, o Irã executa mais pessoas per capita do que qualquer outro país, e perde em números absolutos apenas para a China: no ano passado, Teerã ordenou a morte de ao menos 179, e de outras 388 em 2009. O grupo, baseado em Nova York, disse que os números podem ser ainda maiores, já que nem todas as execuções são públicas.
Há milhares de pessoas condenadas à morte no país, inclusive uma adolescente de 16 anos, considerada culpada por homicídio, segundo revela a agência de direitos humanos HRANA. Hadi Ghaemi, diretor-executivo do ICHRI, denuncia ainda a forma como os processos são julgados no país.
- Há muitas questões sobre os procedimentos legais, as acusações contra as pessoas executadas, e até mesmo a identidade dessas pessoas. Há preocupações muito sérias sobre abusos no Judiciário cometidos por forças de segurança e inteligência, de forma a implantarem suas agendas por meio de execuções em larga escala.
A organização acredita ainda que o Irã deflagrou campanha contra membros da minoria curda. Segundo a ICHRI, ao menos 14 ativistas curdos estão no corredor da morte.
O GLOBO
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